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CLÓVIS ROSSI
O velhinho da Barão de Limeira
SÃO PAULO - Se morreu a "velhinha de Taubaté", me assumo como
o velhinho da Barão de Limeira (a
sede da Folha, para quem não sabe). Explico: eu acredito no presidente Lula. Ou melhor, não acredito nem nunca acreditei em presidente nenhum, nacional ou estrangeiro. Mas sou tonto o suficiente
para acreditar na pregação de Lula
segundo a qual o Brasil não será
muito machucado pela crise.
Explico melhor: não acredito em
retração no trimestre final do ano
(2009, é outra história, a ser contada depois), ao contrário do que prevêem consultorias que falam em
queda de até 1,3%. Minha credulidade não se baseia em ciência (até
porque economia não é ciência; vide, a propósito, o artigo de ontem
de Delfim Netto).
Baseia-se, primeiro, nos erros
que as consultorias cometem o
tempo todo. O caso do PIB é apenas
o mais recente: o consenso de mercado era de crescimento de apenas
6%. Deu 6,8%, um erro, portanto,
superior a 10%, que deveria desqualificar quem errou para o resto
da vida.
Baseia-se também numa certa
lógica, tosca, mas lógica. Não dá para acreditar que o país passe de um
crescimento tão bacana para retrocesso. Que haverá desaceleração, é
óbvio. Eu mesmo, bobinho como
sou, já mencionei a hipótese de
freada, mais que desaceleração.
Mas o que se está prevendo agora
não é freada, e sim cavalo-de-pau,
hipótese não autorizada nem pelos
números ruins já divulgados.
Por fim, meus termômetros
usuais (de novo, nada científicos)
são o shopping em cujo banco tenho conta há 30 anos, o que me
obriga a freqüentá-lo regularmente, e o supermercado da esquina. O
ambiente que se respira em um e
no outro não é de catástrofe. Diria
até que é de "business as usual".
Posso estar completamente enganado, mas acho melhor me equivocar sozinho do que na companhia de quem erra habitualmente.
crossi@uol.com.br
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