|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CURSOS PAGOS
Um caso ocorrido em São José
do Rio Preto (SP) pode marcar
a entrada da Procuradoria Geral de
Justiça de São Paulo na polêmica
acerca das fundações de direito privado que oferecem cursos pagos nas
faculdades públicas paulistas.
Em janeiro, o Conselho Estadual de
Educação (CEE) examinou pedidos
encaminhados pela Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto
(Famerp) -ligada à Secretaria de
Ciência e Tecnologia- para a criação de dois cursos pagos de especialização para profissionais da área da
saúde. O conselheiro Eduardo Martines Júnior pediu mais informações à
faculdade por considerar a cobrança
imprópria. Foi informado de que os
cursos se realizariam em parceria
com a Fundação de Apoio ao Ensino,
Pesquisa e Extensão de Serviços à
Comunidade (Faepe) -entidade
sem fins lucrativos e com autonomia
administrativa e financeira-, mas
os certificados de conclusão seriam
expedidos pela Famerp. Martines entrou com uma representação legal
contra a faculdade, que serve agora
de base a um pedido de investigação
feito pela Procuradoria.
De modo geral, defensores das
fundações argumentam que essas
entidades seriam boas fontes de recursos para as universidades públicas. Muitos alunos e professores
consideram, contudo, a maioria das
fundações mero instrumento para a
realização de negócios privados que
se utilizam da estrutura e do prestígio de instituições públicas sem oferecer contrapartidas.
É de esperar que a intervenção da
Procuradoria lance alguma luz sobre
o funcionamento dessas instituições
e esclareça o destino do dinheiro gerado em suas atividades.
É preciso, todavia, considerar a
possibilidade de gerar recursos para
o ensino público universitário por
meio de entes como as fundações
-e também de outros mecanismos,
como a própria remuneração pelos
estudantes que têm condições de fazê-lo. Negar-se de antemão a discutir
esses temas, como fazem alguns setores do meio acadêmico, é manter a
universidade numa torre de marfim.
Texto Anterior: Editoriais: BANCOS E FALÊNCIA Próximo Texto: Editoriais: HORA DA VERDADE Índice
|