São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

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HORA DA VERDADE

Mahmoud Abbas , o presidente da Autoridade Nacional Palestina, demitiu na quinta-feira nove policiais responsáveis pela segurança interna na faixa de Gaza. Eles foram responsabilizados por não terem impedido que o grupo terrorista islâmico Hamas praticasse um novo atentado contra colonos judeus naquele território.
Essa demonstração de autoridade, embora auspiciosa, traz em si um sinal de fraqueza. A ANP, que tem como objetivo prioritário a criação de um Estado palestino em Gaza e na Cisjordânia, ainda parece distante de assegurar aquilo que é próprio a qualquer governo instituído: o monopólio da violência.
Abbas sabe ser inútil tentar convencer Israel de que representa a totalidade dos palestinos enquanto, ao lado de suas forças de segurança, milícias armadas continuarem a agir com estratégias próprias, por vezes patrocinadas por outros países árabes, como a Síria, e sobretudo avessas a negociações diplomáticas. São grupos que até hoje não abandonaram a inaceitável e anacrônica bandeira da destruição de Israel.
Entre os israelenses também existem setores radicais que negam aos palestinos o direito de organizar seu próprio país. São grupos que fomentam o confronto, mas se limitam à atuação política. Não comandam ações militares e não constituem um poder paralelo.
Abbas tem diante de si uma tarefa árdua. Agrupamentos extremistas como o Hamas ou o Jihad Islâmico conquistaram uma certa popularidade por se vincularem a lideranças religiosas e por atuarem como entidades assistencialistas. Além disso, ganharam prestígio ao assumirem posições moralistas contra a corrupção da ANP nos tempos de Iasser Arafat.
É de todo modo imperativo que esses grupos sejam desarmados. Só assim o presidente palestino poderia credenciar-se integralmente como interlocutor regional e conferir à sua liderança o lastro necessário para uma solução definitiva de paz.


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