São Paulo, Sexta-feira, 12 de Fevereiro de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Patrimônio histórico

"Em carta publicada no "Painel do Leitor" de 7/2, o prefeito do Rio de Janeiro afirma que o projeto da marina da Glória, de autoria dos arquitetos Márcio Roberto e Roberto Garcia Roza, teria sido por mim aprovado, não tendo sido apreciado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural.
O prefeito Luiz Paulo Conde foi mal informado. Como de praxe, reuni-me com os autores do projeto e um grupo de técnicos do Iphan para esclarecimento dos principais aspectos da proposta. Uma medida preliminar que precedeu a sua efetiva apreciação em reunião do conselho por mim presidida, em 26/12/98. O conselho recusou a proposta e eu comuniquei a decisão, por escrito, aos interessados."
Glauco Campello, ex-presidente do Iphan (Rio de Janeiro, RJ)

"Em carta à Folha, o prefeito do Rio de Janeiro, sr. Luiz Paulo Conde, afirma que o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, do qual sou membro, não examinou o projeto de alterações no parque do Flamengo e novas construções na marina da Glória.
Disse que referido projeto teria a aprovação do então presidente do Iphan, Glauco Campello. Para bem da verdade, é importante registrar que o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural examinou a matéria em questão, durante reunião ocorrida no Salão Portinari do Palácio Gustavo Capanema, Rio de Janeiro. Deliberou então não aprovar o projeto de alterações no parque do Flamengo e edificações na marina da Glória, o que impede qualquer aprovação da parte do presidente do Iphan. A carta do prefeito Conde à Folha parece justificar o receio do conselho de que esses objetivos contrariados alimentem as graves alterações que o ministro da Cultura está tentando concretizar no campo do patrimônio brasileiro."
Angelo Oswaldo de Araújo Santos, secretário de Estado da Cultura de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)

"Com referência à carta do prefeito do Rio, Luiz Paulo Conde, no "Painel do Leitor" de 7/2, tenho a dizer que estou certo de que o tratamento fitossanitário do parque do Flamengo, que está sendo realizado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, segue orientações corretas. Quero registrar meu espanto diante da afirmação de que o arquiteto Glauco Campello, ex-presidente do Iphan, havia aprovado o projeto de revitalização da marina.
Na verdade, o projeto, que foi examinado pelo Conselho e pelo mesmo repelido, não se refere à revitalização ou à simples ampliação da marina, mas a um amplo projeto de especulação comercial, com previsão de construção de 50 lojas, um centro de convenções para 2.000 participantes e estacionamento para cerca de 2.000 vagas para carros. Assim sendo, o projeto foi repelido pelo Conselho Consultivo do Iphan, por unanimidade, por constituir uma total subversão da idéia que presidira o projeto dos arquitetos Afonso Eduardo Reidy e Roberto Burle Marx."
Augusto C. da Silva Telles, conselheiro do Iphan (Paty dos Alferes, RJ)

Silêncio

"Vemos nos jornais todos os dias as denúncias mais absurdas. Negócios, favorecimentos e irresponsabilidades noticiados por diferentes jornais.
A Folha de ontem, por exemplo, no artigo do dr. José Aristodemo Pinotti (pág. 1-3, Opinião), traz informações que exigiriam uma contestação. Mas duvido que alguém se manifeste. É um silêncio cínico.
A triste verdade é que, se pessoas com tal representatividade nem mesmo merecem respostas, imagine nós, simples homens do povo."
Francisco Mendes (Salvador, BA)

É Carnaval

"Em tempos de crise e recessão, milhares de brasileiros se preparam para festejar o Carnaval. Enquanto FHC e sua equipe tentam conseguir um jeito de reduzir gastos com saúde e educação, o povo aguarda, pacientemente, o momento tão esperado de cair na folia.
Apesar de a cesta básica subir de preço e o dólar disparar, os foliões não desanimam. "Esqueçamos a inflação!" Fevereiro é só festa. O Carnaval é a expressão da nossa alegria. As modinhas, o barulho e as alegorias fazem esquecer a tristeza. Onde há folia não há crise.
"Esqueçamos a inflação!" Pelo menos até a Quarta-Feira de Cinzas, quando os bancos abrem suas portas a ressacados e desesperados. Isso é Brasil!"
Wagner Guerra (Natal, RN)

Administrações regionais

"O editorial da Folha "Corrupção e diversionismo" (pág. 1-2, Opinião, ontem) podia chamar de tudo, menos de "tardias", ou de "êxito duvidoso", as medidas destinadas a pôr fim numa situação que existe há mais de 20 anos nas administrações regionais.
Celso Pitta é, na história da cidade, o primeiro prefeito a ter a coragem de agir na raiz, cortando o oxigênio da corrupção. Por que a memória seletiva da Folha silencia sobre as administrações anteriores, transferindo todas as responsabilidades para o ex-prefeito Paulo Maluf e para o atual, Celso Pitta?
Por outro lado, afirmar que as medidas são de "êxito duvidoso" significa apostar na idéia de que a corrupção não tem jeito neste país.
O prefeito Celso Pitta manteve nas regionais a descentralização dos serviços básicos de conservação da cidade e de atendimento ao munícipe. Mas, ao retirar delas a fiscalização, agiu no sentido de estabelecer um comando centralizado e de caráter estritamente técnico. A própria Folha, que defendeu em editorial de Primeira Página a centralização do câmbio, deveria, por coerência de princípios, colocar-se ao lado das medidas saneadoras que estão sendo tomadas. Elas incluem providências não mencionadas no editorial, como a qualificação dos fiscais e a simplificação da legislação, cuja complexidade hoje serve de biombo para a corrupção.
Afinal, a Folha se propõe a algo mais do que à crítica fácil e apressada?"
Carlos Augusto Meinberg, secretário de Governo do município de São Paulo (São Paulo, SP)

"O ex-prefeito Paulo Maluf não estimulou o fisiologismo nas administrações regionais, como está no editorial "Corrupção e diversionismo". Ao contrário. Ao assumir a Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf reduziu o número de regionais para 26 e sempre trocou o administrador de cada uma ao menor indício de irregularidade. Tanto é assim que em 26 administrações regionais, durante a administração de Paulo Maluf, foram feitas 67 trocas de administradores."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)

"Esperamos que as investigações nos poderes municipais de São Paulo sobre a corrupção nas regionais continuem até o esgotamento. Que os responsáveis -fiscais, administradores, vereadores etc.- possam ser punidos rigorosamente pela lei. Que a imprensa continue com o seu papel investigativo e informativo e que o Ministério Público possa ser reconhecido pela independência e valorizado por sua ousadia."
Agostinho E. da Silva (São Paulo, SP)


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