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CONSELHO ECONÔMICO
Mais do mesmo. Em síntese,
foi isso o que o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva prometeu
ontem em reunião do Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social. Seu discurso, em que pese uma
infeliz reprimenda a empresários, teve como principal objetivo conter os
ruídos e incertezas que vêm cercando a área econômica.
Tudo começou com a decisão do
Banco Central de interromper a trajetória de queda da taxa de juro em janeiro, sob a polêmica justificativa de
que pressões para repasses de preços
poderiam se generalizar e impedir o
cumprimento da meta de inflação,
de 5,5%. Em fevereiro, o BC manteve
a taxa inalterada, o que estimulou
questionamentos, esses sim justificáveis, sobre a adequação da política
de metas às necessidades de crescimento do país.
Atingido pelo caso Waldomiro Diniz e pela divulgação de que a economia encolhera 0,2% em 2003, o próprio Executivo tomou a iniciativa de
criar fatos: anunciou que pediria ao
FMI alterações no sistema de cálculo
do superávit das contas públicas,
com o intuito de obter mais recursos
para investir em infra-estrutura. O
balão de ensaio criou a sensação de
que o Planalto poderia ceder a pressões contra o ministro da Fazenda,
Antonio Palocci Filho -que já havia
se oposto a esse tipo de mudança. O
próprio Palocci tratou de levantar
uma alternativa: o superávit seria anticíclico, ou seja, maior ou menor a
depender do ritmo de crescimento.
Essa seqüência de eventos culminou na opereta encenada após a divulgação de nota do PT cobrando
mudanças na economia, que levou o
presidente do partido, José Genoino,
advertido pelo Planalto, a negar o
que fora escrito e divulgado.
Natural que, depois de tamanha
confusão, o primeiro mandatário
procure agora asseverar que não haverá "invenção", que o crescimento
fatalmente virá e que é preciso ter paciência com os juros. Uma frase do
discurso resume perfeitamente a opção do governo: "Nós estamos apostando na credibilidade."
É em torno dessa assertiva que se
trava um embate na área econômica:
para os que gostariam de ver mudanças, a aposta na credibilidade, embora compreensível e mesmo necessária inicialmente, converteu-se num
fim em si mesmo. A política em vigor seria presa de um paradoxo:
quanto mais se empenha em obter a
aprovação dos mercados financeiros, mais dá caráter irreversível a opções que condenam o país a uma dinâmica de crescimento medíocre.
O presidente tem razão ao afastar a
idéia de um "Plano Lula", se isso significar mais um experimento econômico, como outros do passado, que
cria melhorias imediatas e problemas de longo prazo. Estará, no entanto, abdicando dos compromissos
de campanha, de fomentar o crescimento, a produção e o emprego, caso seu governo limite-se a reproduzir, de forma ainda mais cautelosa, a
política econômica anterior.
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