São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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VALDO CRUZ

Quando julho chegar

BRASÍLIA - Não se concretizou o so
nho dos tucanos. As turbulências, que imaginavam contidas, continuam. E não apenas por conta de novas denúncias que surgiram mas também pela insatisfação que o candidato José Serra anda provocando.
Seu desempenho no debate dos presidenciáveis promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) é um exemplo. Ao final, vários empresários fizeram elogios a Lula e mostraram, reservadamente, certa decepção com José Serra.
Alguns comentários colhidos na platéia: Serra não empolgou; perdeu tempo demais falando do seu passado para um público que o conhece bem; foi superficial ao traçar seus planos de governo.
Em resumo, perdeu uma boa oportunidade de mostrar que realmente tem mais qualidades técnicas do que seus adversários. Já Lula conseguiu passar seu recado de moderação.
Tudo bem, como disse um empresário, que 99,9% dos presentes vão votar no tucano. Mas a conclusão foi a de que, se aquilo for o retrato da campanha, a preocupação é grande.
O receio é que a campanha petista deste ano volte a empolgar como em 89, tomando conta das ruas. O programa de TV de Lula, apresentado na noite do debate da CNI, foi um sinal do que vem por aí.
Em 89, é bom lembrar, Lula enfrentou Collor, um candidato carismático. Agora, seu principal oponente pode ser Serra, que continua padecendo da falta de empatia com o público.
As turbulências no PSDB não preocupam apenas empresários e tucanos. Os petistas também se mostram receosos. Eles saboreiam a crise na candidatura serrista, mas não querem ajudar a dizimá-la.
Afinal, Serra é visto no PT como o melhor adversário a ser enfrentado. Sem ele, há o risco de um novo nome, tipo Aécio Neves, unir mais uma vez os antigos aliados de FHC.
Em meio a tanta crise, um governista mostra calma e diz: quando julho chegar, e FHC entrar de fato na campanha, tudo mudará. A ordem é sobreviver até lá.



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