|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
Concurso de gastos
"PEGA MAL." Assim se manifestou o presidente do
Senado sobre a decisão,
adotada na surdina pela Mesa
Diretora da Casa, que autorizou
a criação de 97 cargos, com salário de R$ 9.979,24, a ser preenchidos sem concurso público.
O presidente Garibaldi Alves
Filho (PMDB-RN), preocupado
com a má repercussão, tenta
agora alguma solução para levar
a medida a uma avaliação breve
do plenário. À luz do dia, a pressão da opinião pública tende a ter
mais peso.
A explicação do diretor-geral
do Senado, Agaciel Maia, para
criar os cargos foi inusitada. Disse que, quando a Câmara reajusta sua verba de gabinete, como
fez em abril, o Senado vai atrás.
"A praxe é que sempre que é aumentada a verba de gabinete na
Câmara, como o Senado não tem
essa verba, se criam cargos."
Haveria, segundo Maia, uma
nada saudável disputa entre as
duas Casas para que uma não fique atrás da outra na dissipação
do dinheiro dos impostos.
As necessidades de pessoal do
Senado devem ser definidas pela
própria Casa, não a reboque de
medidas da Câmara. Ainda mais
em momento em que se faz necessária austeridade nos gastos
da União para ajudar no combate
à inflação. Os R$ 968 mil a mais
que se esvairiam por mês no Senado decerto não seriam decisivos para tanto, mas configurariam um péssimo exemplo.
Além do mais, mesmo se provada a necessidade de novos assessores, por que não preencher
esses cargos via concurso -garantindo assim, ao menos, que as
vagas seriam ocupadas por pessoal qualificado, e não por apaniguados dos parlamentares?
Tão vagarosos para tratar temas de relevância, como a reforma tributária, os congressistas
parecem ser sempre céleres
quando o que está em jogo é o
próprio bolso. O Senado produzirá um saudável precedente
contra tal praxe se voltar atrás e
cancelar a nova tentativa de
afrontar o contribuinte.
Texto Anterior: Editoriais: Incerteza em alta Próximo Texto: Osaka - Clóvis Rossi: Espetáculo sem pedagogia Índice
|