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INCERTEZA AMERICANA
O estoque de dívida da economia norte-americana atingiu a
cifra de US$ 33 trilhões no segundo
trimestre, três vezes maior do que o
PIB dos EUA, de US$ 10,7 trilhões, e
ligeiramente superior ao PIB mundial, estimado em torno de US$ 32
trilhões. Todos os setores econômicos voltaram a se endividar, liderados pelo setor público. A taxa de
crescimento da dívida do governo federal foi de 24,2%; a dos governos estaduais e municipais, de 12%; a das
famílias, sobretudo em hipotecas, de
11,5%; e a das corporações, de 6,3%.
O sistema financeiro americano é
uma máquina inigualável de expansão creditícia.
A despeito de uma retomada dos
investimentos das corporações no
segundo trimestre, nesse ambiente
propício à tomada de crédito, com
taxas de juros muito baixas, o volume de gastos em capital permaneceu
18,2% abaixo do patamar atingido
no auge do último ciclo de crescimento no início de 2000. Isso parece
demonstrar que as empresas norte-americanas utilizaram uma parte
considerável das novas dívidas
-US$ 311 bilhões- para alongar a
estrutura de endividamento, e não
para ampliar a capacidade produtiva.
Os lucros das empresas, depois do
pagamento de impostos, permanecem declinantes. Após uma redução
de 4% em 2002, eles contraíram 3,4%
no segundo trimestre de 2003. No
entanto os mercados acionários se
valorizaram acentuadamente -o Índice S&P 500 subiu mais de 16% em
2003, o Dow Jones, 14% e o Nasdaq,
38%- com a expectativa de ganhos
das corporações. Dessa forma, a relação entre os preços das ações e os
lucros projetados das 500 maiores
empresas saltou para 24 no início de
setembro. Historicamente, esse indicador situa-se em torno de 14. No caso da Nasdaq, estava em 41.
Esses resultados têm levado alguns
analistas a sugerir a existência de
uma nova "bolha" no mercado de
ações. São dados que, pelo menos,
recomendam cautela e despertam
dúvidas sobre a sustentabilidade da
retomada da economia dos EUA.
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