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São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

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INCERTEZA AMERICANA

O estoque de dívida da economia norte-americana atingiu a cifra de US$ 33 trilhões no segundo trimestre, três vezes maior do que o PIB dos EUA, de US$ 10,7 trilhões, e ligeiramente superior ao PIB mundial, estimado em torno de US$ 32 trilhões. Todos os setores econômicos voltaram a se endividar, liderados pelo setor público. A taxa de crescimento da dívida do governo federal foi de 24,2%; a dos governos estaduais e municipais, de 12%; a das famílias, sobretudo em hipotecas, de 11,5%; e a das corporações, de 6,3%. O sistema financeiro americano é uma máquina inigualável de expansão creditícia.
A despeito de uma retomada dos investimentos das corporações no segundo trimestre, nesse ambiente propício à tomada de crédito, com taxas de juros muito baixas, o volume de gastos em capital permaneceu 18,2% abaixo do patamar atingido no auge do último ciclo de crescimento no início de 2000. Isso parece demonstrar que as empresas norte-americanas utilizaram uma parte considerável das novas dívidas -US$ 311 bilhões- para alongar a estrutura de endividamento, e não para ampliar a capacidade produtiva.
Os lucros das empresas, depois do pagamento de impostos, permanecem declinantes. Após uma redução de 4% em 2002, eles contraíram 3,4% no segundo trimestre de 2003. No entanto os mercados acionários se valorizaram acentuadamente -o Índice S&P 500 subiu mais de 16% em 2003, o Dow Jones, 14% e o Nasdaq, 38%- com a expectativa de ganhos das corporações. Dessa forma, a relação entre os preços das ações e os lucros projetados das 500 maiores empresas saltou para 24 no início de setembro. Historicamente, esse indicador situa-se em torno de 14. No caso da Nasdaq, estava em 41.
Esses resultados têm levado alguns analistas a sugerir a existência de uma nova "bolha" no mercado de ações. São dados que, pelo menos, recomendam cautela e despertam dúvidas sobre a sustentabilidade da retomada da economia dos EUA.


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