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São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

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LENTIDÃO NO RODOANEL

Lançado em 1997 com o objetivo de facilitar o transporte de mercadorias e aliviar o tráfego de veículos pesados na cidade de São Paulo, o Rodoanel Mário Covas tornou-se uma obra secundária para o governo federal. A construção, que seria bancada por um consórcio formado por União, Estado e município, na proporção de 25%, 50% e 25%, deveria ser concluída em 2005.
Na administração Celso Pitta, no entanto, a cidade desistiu do empreendimento, posição mantida pela atual prefeita, Marta Suplicy. Nova divisão foi feita, cabendo ao governo federal arcar com 33,33% dos custos, ficando o restante para o Estado. O projeto prevê uma via expressa de 170 km que interligará dez rodovias na região metropolitana de São Paulo. Até aqui, foi inaugurada apenas a chamada "alça oeste".
Com o envio ao Congresso do Plano Plurianual do governo Luiz Inácio Lula da Silva ficou claro que a obra será conduzida em ritmo lento. Os trechos norte e leste nem serão iniciados nos próximos três anos.
Repete-se, assim, um conhecido e lamentável padrão de lançamento de obras públicas no Brasil: grande alarde no anúncio, festivas inaugurações parciais e posterior abandono. Mais uma vez a sociedade tem diante de si um exemplo não apenas da danosa descontinuidade entre administrações mas da crescente incapacidade de o poder público promover investimentos em infra-estrutura.
Às voltas com a consecução de superávits primários para saldar os juros de seu endividamento, e com a renitente dificuldade para criar condições para o crescimento sustentado, o país tem fracassado seguidamente em seus objetivos de mobilizar recursos para obras públicas.
Eis um caso em que a "criatividade" cobrada pelo presidente da República de seus ministros deveria ser exercitada com vista a uma engenharia financeira capaz de dar prosseguimento ao que foi prometido.


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