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ELIANE CANTANHÊDE
Cai-não-cai
BRASÍLIA - Curioso: o governo Lula diz que educação é prioridade, mas
havia uns dois ministros no lançamento do "Brasil Alfabetizado", na
segunda-feira, e umas três vezes mais
na inauguração da nova sala de imprensa do Planalto, na quarta.
Só Luiz Dulci (Secretaria Geral) e
Emília Fernandes (da secretaria de
gênero) foram vistos na festa da educação, mas Dulci, Zé Dirceu, Mantega, Thomaz Bastos, Miro, Roberto
Amaral, Olívio e Marina Silva, pelo
menos, estavam no coquetel da sala
Carlos Castello Branco.
Ou a educação é tão prioritária
quanto a África (Lula cancelou a viagem a cinco países do continente três
dias antes), ou é a velha regra do poder: ministro forte, evento concorrido; ministro fraco, às moscas. Cristovam Buarque conseguiu atrair dezenas de personalidades "civis" na segunda, prometendo alfabetizar 1 milhão de adultos, mas não os próprios
colegas de ministério.
Desde então, o homem não pára
mais de falar, reclamando da falta de
verbas e da qualidade da educação e
conclamando os estudantes a fazer
passeata na porta do Congresso por
mais verbas. Se não bastassem sem-terra, sem-teto, servidores, juízes...
Buarque nunca foi um legítimo petista, desses da fundação do partido.
É um cara inteligente, politicamente
correto, investiu em princípios como
reitor da UnB e como governador do
DF e tem o respeito da academia e de
boa parte da imprensa. Mas não consegue acordar, há meses, sem uma
notícia, uma nota, uma coluna informando que está com o pé fora.
Há quem diga que Buarque -ainda o melhor ministro da Educação
no PT- entregou os pontos e decidiu
"sair por cima". Mas nem ele é uma
Heloísa Helena, nem Lula é de demitir companheiros. FHC fritava ministros até que fossem embora. Lula encosta, tirando verbas e atribuições. O
destino de Buarque depende dessa
combinação de estilos.
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