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São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Cai-não-cai

BRASÍLIA - Curioso: o governo Lula diz que educação é prioridade, mas havia uns dois ministros no lançamento do "Brasil Alfabetizado", na segunda-feira, e umas três vezes mais na inauguração da nova sala de imprensa do Planalto, na quarta.
Só Luiz Dulci (Secretaria Geral) e Emília Fernandes (da secretaria de gênero) foram vistos na festa da educação, mas Dulci, Zé Dirceu, Mantega, Thomaz Bastos, Miro, Roberto Amaral, Olívio e Marina Silva, pelo menos, estavam no coquetel da sala Carlos Castello Branco.
Ou a educação é tão prioritária quanto a África (Lula cancelou a viagem a cinco países do continente três dias antes), ou é a velha regra do poder: ministro forte, evento concorrido; ministro fraco, às moscas. Cristovam Buarque conseguiu atrair dezenas de personalidades "civis" na segunda, prometendo alfabetizar 1 milhão de adultos, mas não os próprios colegas de ministério.
Desde então, o homem não pára mais de falar, reclamando da falta de verbas e da qualidade da educação e conclamando os estudantes a fazer passeata na porta do Congresso por mais verbas. Se não bastassem sem-terra, sem-teto, servidores, juízes...
Buarque nunca foi um legítimo petista, desses da fundação do partido. É um cara inteligente, politicamente correto, investiu em princípios como reitor da UnB e como governador do DF e tem o respeito da academia e de boa parte da imprensa. Mas não consegue acordar, há meses, sem uma notícia, uma nota, uma coluna informando que está com o pé fora.
Há quem diga que Buarque -ainda o melhor ministro da Educação no PT- entregou os pontos e decidiu "sair por cima". Mas nem ele é uma Heloísa Helena, nem Lula é de demitir companheiros. FHC fritava ministros até que fossem embora. Lula encosta, tirando verbas e atribuições. O destino de Buarque depende dessa combinação de estilos.


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