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MARCELO BERABA
Garotinho e o PMDB
RIO DE JANEIRO - Anthony Garotinho é uma força política regional
com irradiação nacional. Provou isso
na eleição presidencial e comprova
agora, ao trocar o PSB pelo PMDB.
Como todas as forças semelhantes,
Garotinho e seu grupo têm tido dificuldades para se ajeitar nos partidos
disponíveis. Eles precisam da legenda, e de legendas robustas, para alçar
vôo. Mas se sentem sempre, e assim
são tratados, como corpos estranhos.
As coisas vão bem enquanto os interesses do grupo e do partido são comuns. E azedam quando os objetivos
divergem e é necessária a imposição
de uma hegemonia. Garotinho e os
seus perderam todos os enfrentamentos até agora e foram expulsos, primeiro, do PDT e, depois, do PSB. Será
diferente no PMDB?
Ele ajudou o PDT a voltar ao poder,
em 98, quando o partido parecia destinado definitivamente ao ocaso. No
PSB, trouxe os votos necessários para
afastar o fantasma do encolhimento.
Nos dois partidos, demonstrou vigor
eleitoral, mas em nenhum teve condições para tomar a máquina partidária, como queria. Perdeu para dois
caudilhos dos velhos tempos, Leonel
Brizola e Miguel Arraes.
A entrada de Garotinho no PMDB
fluminense foi bem tranquila. O partido tinha três donos -Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Moreira Franco- e agora tem quatro.
Não existem, no momento, conflitos entre seus objetivos eleitorais. Picciani tem horizonte local e está bem
na presidência da Assembléia Legislativa; Moreira Franco é candidato à
Prefeitura de Niterói, e Sérgio Cabral,
ao governo do Estado.
Garotinho pode disputar uma vaga
para o Senado ou ser mantido como
candidato à presidente da República,
um trunfo (ou ameaça?) do PMDB
nas negociações com o Planalto.
E depois de 2006? Difícil prever. Garotinho pode surpreender os que já
adivinham embates encarniçados
pelo controle do PMDB e se revelar
confortável nessa confederação de
feudos. Mas o mais provável será a
explosão de lutas internas.
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