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São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2003

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MARCELO BERABA

Garotinho e o PMDB

RIO DE JANEIRO - Anthony Garotinho é uma força política regional com irradiação nacional. Provou isso na eleição presidencial e comprova agora, ao trocar o PSB pelo PMDB.
Como todas as forças semelhantes, Garotinho e seu grupo têm tido dificuldades para se ajeitar nos partidos disponíveis. Eles precisam da legenda, e de legendas robustas, para alçar vôo. Mas se sentem sempre, e assim são tratados, como corpos estranhos.
As coisas vão bem enquanto os interesses do grupo e do partido são comuns. E azedam quando os objetivos divergem e é necessária a imposição de uma hegemonia. Garotinho e os seus perderam todos os enfrentamentos até agora e foram expulsos, primeiro, do PDT e, depois, do PSB. Será diferente no PMDB?
Ele ajudou o PDT a voltar ao poder, em 98, quando o partido parecia destinado definitivamente ao ocaso. No PSB, trouxe os votos necessários para afastar o fantasma do encolhimento. Nos dois partidos, demonstrou vigor eleitoral, mas em nenhum teve condições para tomar a máquina partidária, como queria. Perdeu para dois caudilhos dos velhos tempos, Leonel Brizola e Miguel Arraes.
A entrada de Garotinho no PMDB fluminense foi bem tranquila. O partido tinha três donos -Sérgio Cabral, Jorge Picciani e Moreira Franco- e agora tem quatro.
Não existem, no momento, conflitos entre seus objetivos eleitorais. Picciani tem horizonte local e está bem na presidência da Assembléia Legislativa; Moreira Franco é candidato à Prefeitura de Niterói, e Sérgio Cabral, ao governo do Estado.
Garotinho pode disputar uma vaga para o Senado ou ser mantido como candidato à presidente da República, um trunfo (ou ameaça?) do PMDB nas negociações com o Planalto.
E depois de 2006? Difícil prever. Garotinho pode surpreender os que já adivinham embates encarniçados pelo controle do PMDB e se revelar confortável nessa confederação de feudos. Mas o mais provável será a explosão de lutas internas.


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