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Tucanos em chamas
FERNANDO RODRIGUES
BRASÍLIA - Calou fundo em parte da alta cúpula do PSDB o almoço reservado entre o ministro da Saúde, José
Serra, e o líder do PFL na Câmara,
Inocêncio Oliveira.
O almoço foi anteontem. Participou também Andrea Matarazzo, ministro palaciano e próximo a FHC.
Dois assuntos em pauta. Serra quer
ser candidato a presidente da República em 2002. Inocêncio quer ser presidente da Câmara, cargo que será
disputado em fevereiro de 2001.
Serra não jurou apoio a Inocêncio.
Nem Inocêncio proclamou amor a
Serra. Mas ambos se deram a entender que há muito jogo possível.
É a teoria dos três cargos e três partidos. O modelo do tripé político. O
PSDB na Presidência da República. E
PMDB e PFL se revezando nas presidências da Câmara e do Senado.
Isso atordoou alguns tucanos. A começar pelo líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves -ele próprio um
candidato a presidir a Casa.
Os tucanos falaram duro.
"Ninguém tira o PSDB da disputa.
Se nós disputarmos, nós ganhamos.
O ministro Serra não interferirá. Se
prometeu apoio em nome do PSDB,
errou. Não acredito que tenha feito
isso, pois essa decisão cabe a outra
instância partidária", disse Aécio.
"O PSDB disputará a presidência
da Câmara. E o Aécio é o primeiro da
fila", anunciou o presidente nacional
do PSDB, senador Teotônio Vilela,
telefonando de Alagoas.
"A posição do partido é disputar a
presidência da Câmara. O Aécio é
um nome forte e faz um trabalho
muito bom", declarou o líder do
PSDB no Senado, Sérgio Machado,
em telefonema do Ceará.
Muitas coisas impublicáveis foram
ditas nesses telefonemas.
O que tudo isso quer dizer? Quer dizer que Serra está ampliando suas relações fora do PSDB. Mas está deixando muita gente envenenada dentro de sua casa.
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