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O VÍRUS DA DEVASTAÇÃO
Diz o senso comum que, quando as coisas vão muito mal, só
podem melhorar. Falso. Elas sempre
podem piorar, às vezes muito. É esse
o caso da epidemia de Aids no continente africano.
O Banco Mundial divulgou na semana passada o relatório "Educação
e HIV/Aids: Uma Janela de Esperança". Apesar de o título dar margem a
otimismo, o texto traça um panorama bastante sombrio dos impactos
da Aids na África subsaariana.
Nessa região, a expectativa média
de vida caiu para apenas 47 anos. Seria de 62 sem a doença. Em 16 países,
10% da população está infectada. Diferentemente de nações do Primeiro
Mundo ou mesmo do Brasil, na África estar com o HIV é praticamente
uma sentença de morte. Entre as mulheres grávidas na região urbana de
Botsuana, a taxa de infecção chega a incríveis 44%. A catástrofe tem diversos efeitos econômicos. As Nações Unidas calculam que, nos países mais afetados, ao longo dos próximos 20 anos a doença poderá reduzir o PIB em 20%.
Um dos aspectos mais cruéis da calamidade diz respeito à educação.
Em algumas nações, a doença está matando professores em ritmo superior àquele em que podem ser formados. Ela também deixa muitas crianças órfãs, o que as leva a abandonar os estudos. E, na África, a educação -e a consequente compreensão dos meios pelos quais a moléstia se propaga- é uma das poucas formas realistas de combater a epidemia. O controle medicamentoso e a distribuição de preservativos permanecem fora das possibilidades econômicas de quase todas as nações.
E é bom ressaltar que muito da propagação da Aids na África está relacionado à desinformação. Nas Províncias sul-africanas de KwaZulu-Natal e Mpumalanga, homens infectados acreditam que podem se livrar
da moléstia estuprando virgens.
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