São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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VINICIUS TORRES FREIRE

Mais um ano se passou

SÃO PAULO - Está longe ainda de ser
uma catástrofe, mas nada deu certo para a economia nessa quase metade de 2002. Pior, não há muito que se possa fazer para evitar mais um ano de salários em baixa, de crediário caro, de poucos empregos novos e da velha miséria de sempre.
Os governos vão arrecadar menos, pois o país deve crescer algo menos que a previsão oficial de crescimento, já deprimente. Os governos economizaram pouco no começo do ano. Vão cortar mais despesas, pois sua dívida é descomunal. O aperto enfraquece ainda mais a economia.
O PFL, ameaçado de perder de vez a boca rica de cargos públicos, revela para quem ainda não sabia o que é o caráter da direita retrógrada. Chantageia o governo, não vota a CPMF e vai estourar as finanças públicas. É chantagista e golpista, lança intrigas podres como sugerir um terceiro mandato para FHC. Sem CPMF, haverá mais cortes e mais imposto sobre empréstimos e financiamentos. Mais desestímulo para a economia.
Na semana que vem, o Banco Central decide a meta da taxa de juros que pretende pagar para financiar a dívida do governo. Está difícil de convencer o mercado a receber menos. Para piorar, incompetências do governo, como o racionamento e os preços livres da Petrobras, criam inflação de graça, juros de morte, mais dívida pública, menos emprego.
Exportamos pouco para compensar o que compramos e o que temos de pagar de juros e outras remessas de dólares para o exterior. Isso dá no que os economistas chamam de déficit em conta corrente. Para cobrir a diferença, precisamos de mais exportação e mais investimentos do exterior. Mas quem quer investir em economia rastejante? E quem empresta dinheiro desconfia de um país endividado, que não gera reais e dólares bastantes para pagar a dívida. Pede mais juro. Isso é o que o mercado chama de alta do risco-país.
Ano de eleição, PFL chantagista, dívida e juros altos, exportações minguadas, salário baixo, tudo isso desestimula quem investe e compra. E assim se apagam as velas dos anos Fernando Henrique Cardoso.



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