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VINICIUS TORRES FREIRE
Mais um ano se passou
SÃO PAULO - Está longe ainda de ser
uma catástrofe, mas nada deu certo
para a economia nessa quase metade
de 2002. Pior, não há muito que se
possa fazer para evitar mais um ano
de salários em baixa, de crediário caro, de poucos empregos novos e da velha miséria de sempre.
Os governos vão arrecadar menos,
pois o país deve crescer algo menos
que a previsão oficial de crescimento,
já deprimente. Os governos economizaram pouco no começo do ano. Vão
cortar mais despesas, pois sua dívida
é descomunal. O aperto enfraquece
ainda mais a economia.
O PFL, ameaçado de perder de vez
a boca rica de cargos públicos, revela
para quem ainda não sabia o que é o
caráter da direita retrógrada. Chantageia o governo, não vota a CPMF e
vai estourar as finanças públicas. É
chantagista e golpista, lança intrigas
podres como sugerir um terceiro
mandato para FHC. Sem CPMF, haverá mais cortes e mais imposto sobre
empréstimos e financiamentos. Mais
desestímulo para a economia.
Na semana que vem, o Banco Central decide a meta da taxa de juros
que pretende pagar para financiar a
dívida do governo. Está difícil de convencer o mercado a receber menos.
Para piorar, incompetências do governo, como o racionamento e os preços livres da Petrobras, criam inflação de graça, juros de morte, mais dívida pública, menos emprego.
Exportamos pouco para compensar
o que compramos e o que temos de
pagar de juros e outras remessas de
dólares para o exterior. Isso dá no
que os economistas chamam de déficit em conta corrente. Para cobrir a
diferença, precisamos de mais exportação e mais investimentos do exterior. Mas quem quer investir em economia rastejante? E quem empresta
dinheiro desconfia de um país endividado, que não gera reais e dólares
bastantes para pagar a dívida. Pede
mais juro. Isso é o que o mercado
chama de alta do risco-país.
Ano de eleição, PFL chantagista, dívida e juros altos, exportações minguadas, salário baixo, tudo isso desestimula quem investe e compra. E
assim se apagam as velas dos anos Fernando Henrique Cardoso.
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