São Paulo, segunda-feira, 13 de maio de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Ricardo Sérgio foi privatizado

BRASÍLIA - A mais bem-sucedida
privatização do governo FHC é a do economista, empresário e ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira. Trata-se de alguém que prosperou estatal e amarga sozinho na vida privada o ônus dos problemas causados dentro do governo.
Não existe negócio esquisito com alguma relação a Ricardo Sérgio que não seja rapidamente isolado pelo Palácio do Planalto. Se houve propina no caso da Vale, quem pediu por conta própria foi o ex-diretor do BB.
Se empresas em São Bernardo do Campo se descontrolam e suas dívidas explodem por causa dos juros altos, a ajuda para um desconto de R$ 73 milhões não foi do governo nem do PSDB. Foi iniciativa de Ricardo Sérgio. Problema dele.
Se um dos donos das empresas era casado com uma prima de José Serra, pouco importa. Afinal, não podemos saber o que fazem os maridos de nossas primas, como bem disse o tucano. Mesmo que tenhamos um terreno em sociedade com um desses maridos. E que o marido da dívida perdoada em 95 seja amigo do meu arrecadador de campanha de 94.
Quando Ricardo Sérgio disse, no leilão das teles, que estava ""no limite" da irresponsabilidade, referia-se apenas a si próprio. Embora a conversa tenha se dado com o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, um tucano serrista.
Não adiantam evidências. Ricardo Sérgio pertence apenas à iniciativa privada. Fez tudo por conta própria.
O leitor já deve ter notado como os próceres do PSDB se referem a Ricardo Sérgio quando o tema é dinheiro político. ""Ele foi arrecadador de fundos para campanhas tucanas", dizem. Mesmo que tenha sido, ao que consta, apenas um dos principais coletores de dinheiro para Serra (90, 94 e 96) e para FHC (94 e 98).
Além de privatizado, como se vê, Ricardo Sérgio também virou genérico. É arrecadador dos tucanos, no coletivo. Não de Serra nem de FHC.



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