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MAIS UM PACOTE AGRÍCOLA
Na base dos protestos de agricultores em diversos Estados
brasileiros há algumas queixas legítimas, outras nem tanto. Já o método
escolhido pelos produtores para
transmitir seu recado às autoridades
-o bloqueio de rodovias que estrangula o abastecimento, o negócio de
outras empresas e já provocou a
morte de uma pessoa- é abusivo e
joga contra seus próprios interesses.
A alta da cotação do real diante do
dólar -quando concorrentes diretos do Brasil não permitem que suas
moedas se valorizem tanto- afeta a
competitividade das exportações. A
agropecuária se mostra sensível à
mudança cambial, o que se agrega a
outros fatores, como o aumento da
oferta mundial de alimentos e a quebra de lavouras no Brasil, para prejudicar seu desempenho. O PIB da
agropecuária, que crescia em ritmo
forte desde 2001, estacou em 2005.
O setor que liderou a reação exportadora brasileira, impulsionou a indústria de máquinas agrícolas e contraiu dívidas na expectativa de que o
mercado continuaria a expandir-se
em ritmo forte agora depara com um
estrangulamento de seu horizonte. E
ainda restam os passivos.
O Banco do Brasil já renegocia algumas dívidas de agricultores. O
processo, a ser analisado caso a caso,
é limitado e parece assentado em parâmetros razoáveis. O apelo dos produtores também foi atendido com
uma política de preços mínimos para a soja que pode significar prejuízo
de R$ 1 bilhão, até 2007, ao Tesouro.
Trata-se de medida também limitada, mas problemática, por premiar
grandes agricultores que arriscaram,
investiram e se frustraram (uma regra do capitalismo) e por incentivar
outros setores do agronegócio a exigir socorro público.
Já um câmbio mais favorável à atividade exportadora em geral deve ser
perseguido pelas autoridades, e o caminho é reduzir com mais velocidade a vasta diferença entre as taxas de
juros no Brasil e as internacionais.
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