São Paulo, sábado, 13 de maio de 2006

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MAIS UM PACOTE AGRÍCOLA

Na base dos protestos de agricultores em diversos Estados brasileiros há algumas queixas legítimas, outras nem tanto. Já o método escolhido pelos produtores para transmitir seu recado às autoridades -o bloqueio de rodovias que estrangula o abastecimento, o negócio de outras empresas e já provocou a morte de uma pessoa- é abusivo e joga contra seus próprios interesses.
A alta da cotação do real diante do dólar -quando concorrentes diretos do Brasil não permitem que suas moedas se valorizem tanto- afeta a competitividade das exportações. A agropecuária se mostra sensível à mudança cambial, o que se agrega a outros fatores, como o aumento da oferta mundial de alimentos e a quebra de lavouras no Brasil, para prejudicar seu desempenho. O PIB da agropecuária, que crescia em ritmo forte desde 2001, estacou em 2005.
O setor que liderou a reação exportadora brasileira, impulsionou a indústria de máquinas agrícolas e contraiu dívidas na expectativa de que o mercado continuaria a expandir-se em ritmo forte agora depara com um estrangulamento de seu horizonte. E ainda restam os passivos.
O Banco do Brasil já renegocia algumas dívidas de agricultores. O processo, a ser analisado caso a caso, é limitado e parece assentado em parâmetros razoáveis. O apelo dos produtores também foi atendido com uma política de preços mínimos para a soja que pode significar prejuízo de R$ 1 bilhão, até 2007, ao Tesouro. Trata-se de medida também limitada, mas problemática, por premiar grandes agricultores que arriscaram, investiram e se frustraram (uma regra do capitalismo) e por incentivar outros setores do agronegócio a exigir socorro público.
Já um câmbio mais favorável à atividade exportadora em geral deve ser perseguido pelas autoridades, e o caminho é reduzir com mais velocidade a vasta diferença entre as taxas de juros no Brasil e as internacionais.


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