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ELIANE CANTANHÊDE
O candidato de direita
BRASÍLIA - Um é candidato do governo, os outros três são de oposição,
e todos eles se apresentam como legítimos representantes da esquerda. E
a direita, onde fica nessa?
Simples. A direita está em toda parte, acomoda-se nos desvãos das campanhas e está pronta para descer à
sala de estar no futuro governo. O
PPB e a direita do PMDB estão com
Serra, o PTB fechou com Ciro, o PL
negocia com Lula, as igrejas tendem
para Garotinho e o PFL está entre Ciro e Serra.
Com todos os candidatos espremidos num discurso bem parecido, que
reconhece a globalização, preconiza
a negociação com organismos internacionais, admite o pagamento das
dívidas interna e externa, fica difícil
identificar quem é quem.
Mas Ciro Gomes só terá chance como o candidato de direita da política
nacional, apesar de, curiosamente,
ser filiado ao PPS (antigo Partido Comunista Brasileiro) e apoiado pela
Frente Trabalhista (PDT e PTB), em
tese, de esquerda.
Senão, vejamos: Lula pode se aliar
com quem quiser e fazer o discurso de
ocasião, mas sempre será de esquerda. Garotinho pode até ser considerado um populista de direita, mas a
simpatia das classes "C" "D" e "E"
não foi suficiente para conquistar a
confiança da direita. Serra tem apoio
dos bancos e da elite econômica, mas
seu passado, sua visão nacional e
seus próprios cacoetes não dissimulam o viés de esquerda. Sobra Ciro,
que precisa da direita anti-governo.
O PFL, por exemplo, tem dado seguidos passos rumo a Ciro, apesar de
Serra dizer a empresários que já tem
70% do partido. Num jantar anteontem, em Brasília, Ciro e Jorge Bornhausen fecharam um apoio para a
candidatura do pefelista Roberto
Brant em Minas. O que é um chamariz para novas seções do PFL caírem
nos braços de Ciro.
Nem Serra, nem Garotinho, nem
mesmo Lula vão poder dizer um "a"
contra a aproximação e a aliança.
Porque, nesta eleição, todos disputam freneticamente a direita. Quem
pode atirar a primeira pedra?
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