|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O PT OBSCURO
Os paladinos da ética e da
transparência durante as gestões de Paulo Maluf e Celso Pitta parece que mudaram de posição tão logo assumiram o Executivo da cidade
de São Paulo. Vereadores e outras lideranças do PT subvertem a lógica, o
bom senso e o que pregaram num
passado recentíssimo para criar a
teoria do "sigilo parlamentar".
A aberração teve início com uma
atitude de José Mentor, ex-líder do
governo Marta Suplicy na Câmara.
Na calada da noite, segundo relato de
seu correligionário Nabil Bonduki,
Mentor impôs modificações ao
substitutivo do Plano Diretor que alteravam o zoneamento. Além de a
discussão sobre zoneamento ser
alheia aos objetivos do plano e de as
mudanças não terem sido debatidas
com os interessados diretos, as
emendas eram anônimas -seus autores não foram identificados.
Mentor então saiu-se com a pérola
de que havia um pacto para que os
responsáveis pelas emendas ficassem no anonimato. A despeito de
tratar como otários os cidadãos em
geral e em especial os que ajudaram a
eleger os misteriosos autores das
emendas, Mentor parece ter "superado" a fase oposicionista do PT. Em
2000, ainda no governo Pitta, os vereadores petistas se revoltaram contra o instituto do voto secreto em sessões de cassação de vereadores e impeachment de prefeito. Empreenderam uma campanha para dar mais
transparência à casa. José Eduardo
Cardozo, hoje presidente da Câmara,
então dizia: "O vereador não pode se
esconder atrás do anonimato."
Mas Mentor, ao que consta, não está sozinho na revisão de paradigmas
éticos do PT. O presidente estadual
do partido, Paulo Frateschi, também
se tornou um novo adepto da teoria
do sigilo parlamentar, fazendo analogia com processos sigilosos do Ministério Público: "O promotor não
faz processo sob segredo? Cada situação, cada órgão, tem a sua maneira de ser. É assim que se faz política."
Lideranças do PT estão, ao que parece, informando os eleitores sobre a
sua nova maneira de fazer política. O
"partido da transparência" ameaça
transitar para a defesa e o exercício
do segredo na política.
Texto Anterior: Editoriais: SAÍDA MULTILATERAL Próximo Texto: Editoriais: COSMÉTICA MERCANTIL Índice
|