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CLÓVIS ROSSI
O fracasso mais redondo
SÃO PAULO - Quando Fernandinho Beira-Mar foi preso na Colômbia, em
abril do ano passado, o presidente
Fernando Henrique Cardoso estava
em Québec (Canadá) participando
da Cúpula das Américas.
Mais precisamente, dava entrevista
sobre os resultados da Cúpula quando foi interrompido por Andrés Pastrana, então presidente da Colômbia,
exatamente para anunciar a prisão
de Beira-Mar.
Já me pareceu absurdo, naquele
momento, o fato de dois presidentes
se rebaixarem ao papel de chefe de
polícia, tratando como assunto de Estado o que deveria ser apenas um
evento policial.
Agora, um ano e meio depois, mais
absurdo ainda parece o festejo que
ambos fizeram a propósito da prisão.
FHC chegou a dizer que a prisão de
Beira-Mar permitiria desmontar ligações do narcotráfico.
O que se vê, ao contrário, é que a
prisão só forneceu facilidades ao traficante, que não tem custos para comer e dormir, mas mantém inalteradas as suas fontes de renda -para
não falar de seus métodos.
É mais um retrato, se necessário
fosse, do mais rotundo fracasso do
governo FHC, que colocou segurança
em um dos dedos da mão espalmada
para simbolizar suas prioridades e só
entregou insegurança em grau paroxístico (ele e os governadores de Estados como São Paulo e Rio, nos quais
a violência escapou do controle, o
que inclui Anthony Garotinho).
Chega a ser patética a incapacidade do governo de agir nessa área. Limita-se a anunciar planos após planos que jamais se materializam.
Na Espanha, país em que a violência é comparativamente muito baixa, o governo soltou ontem um pacote que prevê aumentar os quadros
policiais, até 2004, em 20 mil pessoas,
julgamentos rápidos em 15 dias, criação de 53 varas criminais adicionais,
com a correlata contratação de 80
juizes e 70 promotores.
O único momento em que FHC parece ter razão é ao dizer, agora, que
governar o Brasil é difícil. Difícil demais.
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