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ELIANE CANTANHÊDE
O sorriso de JK
BRASÍLIA - Ontem não foi dia de FHC nem dos candidatos à sua sucessão. Ontem foi dia de Juscelino Kubitschek, a maior e melhor referência
de presidente bem-sucedido na sacolejada política brasileira.
Três dos quatros candidatos meteram-se em Minas, terra de JK. Lula
saiu mais uma vez na dianteira e foi
direto ao ponto, Diamantina, a cidade do ex-presidente. E ao lado de Itamar e do tucano Aécio Neves.
Ciro Gomes programou showmício
em Araxá, com direito, claro, a homenagens a Juscelino. E Anthony
Garotinho foi a Belo Horizonte, para
lembrar mais uma vez, como nos seus
programas eleitorais, que ele é igualzinho a JK, sem tirar nem pôr.
Longe de Minas, mas sem perder a
chance, Serra ficou em Brasília e deu
uma no cravo e outra na ferradura.
Visitou o "Memorial JK" e o ministro
da Defesa, Geraldo Quintão, que
manda, digamos assim, nos militares
que cassaram JK e jogaram o próprio
Serra num exílio de 14 anos.
Quem leu "JK, o Artista do Impossível", de Cláudio Bojunga (editora
Objetiva, 798 páginas), dá razão à
corrida dos presidenciáveis pela imagem do ex-presidente e à festa que
FHC promoveu ontem nos jardins do
Alvorada para comemorar o centenário do antecessor mais ilustre.
Tantos anos passados da morte de
JK, em 1976, pouco se fala nas críticas
a seu governo: à polêmica, na época,
abertura ao capital estrangeiro, ao
início da inflação ou à suspeita, nunca comprovada, de caixinhas em
obras gigantescas, como Brasília.
O que fica de JK, especialmente nestes tempos bicudos, é a obstinação pela ação, pelo crescimento, pelo emprego. Pelo fazer acontecer, ou pelos
"50 anos em 5". Como fica também a
imagem de um presidente que gostava de dançar, de papear e de sorrir.
O excelente humor de JK o ajudou,
e muito, a conquistar amizades e
aliados fiéis, montanhas de votos nas
eleições, trunfos no exercício diário
do poder e, finalmente, um lugar tão
privilegiado na história. Serra e Ciro,
especialmente, não fariam mal nenhum em melhorar o humor.
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