São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

O sorriso de JK

BRASÍLIA - Ontem não foi dia de FHC nem dos candidatos à sua sucessão. Ontem foi dia de Juscelino Kubitschek, a maior e melhor referência de presidente bem-sucedido na sacolejada política brasileira.
Três dos quatros candidatos meteram-se em Minas, terra de JK. Lula saiu mais uma vez na dianteira e foi direto ao ponto, Diamantina, a cidade do ex-presidente. E ao lado de Itamar e do tucano Aécio Neves.
Ciro Gomes programou showmício em Araxá, com direito, claro, a homenagens a Juscelino. E Anthony Garotinho foi a Belo Horizonte, para lembrar mais uma vez, como nos seus programas eleitorais, que ele é igualzinho a JK, sem tirar nem pôr.
Longe de Minas, mas sem perder a chance, Serra ficou em Brasília e deu uma no cravo e outra na ferradura. Visitou o "Memorial JK" e o ministro da Defesa, Geraldo Quintão, que manda, digamos assim, nos militares que cassaram JK e jogaram o próprio Serra num exílio de 14 anos.
Quem leu "JK, o Artista do Impossível", de Cláudio Bojunga (editora Objetiva, 798 páginas), dá razão à corrida dos presidenciáveis pela imagem do ex-presidente e à festa que FHC promoveu ontem nos jardins do Alvorada para comemorar o centenário do antecessor mais ilustre.
Tantos anos passados da morte de JK, em 1976, pouco se fala nas críticas a seu governo: à polêmica, na época, abertura ao capital estrangeiro, ao início da inflação ou à suspeita, nunca comprovada, de caixinhas em obras gigantescas, como Brasília.
O que fica de JK, especialmente nestes tempos bicudos, é a obstinação pela ação, pelo crescimento, pelo emprego. Pelo fazer acontecer, ou pelos "50 anos em 5". Como fica também a imagem de um presidente que gostava de dançar, de papear e de sorrir.
O excelente humor de JK o ajudou, e muito, a conquistar amizades e aliados fiéis, montanhas de votos nas eleições, trunfos no exercício diário do poder e, finalmente, um lugar tão privilegiado na história. Serra e Ciro, especialmente, não fariam mal nenhum em melhorar o humor.



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