São Paulo, terça-feira, 14 de janeiro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Buraco negro

BRASÍLIA - A Casa Civil oscila entre duas funções, dependendo do governo e do estilo do presidente. Ora é o centro da articulação política, ora é a coordenadora das ações dos ministros. O que nunca se viu é servir, simultaneamente, às duas coisas. Se o ministro José Dirceu está cuidando de negociações congressuais e extracongressuais com o PMDB, com o PFL, com os partidos aliados e mais o próprio PT, quem é o responsável pelas ações governamentais? Uma resposta poderia estar ali bem ao lado do gabinete de Dirceu no Palácio do Planalto, onde Luiz Dulci ocupa a Secretaria Geral da Presidência. Mas não está. Dulci cuida, ao que se saiba, dos discursos do presidente e das relações com a "sociedade". Aparentemente, significa que ele ouve e fala com os movimentos sociais sempre ligados ao PT. Olívio Dutra é o homem das cidades, Benedita da Silva é a mulher da assistência social, Marina Silva é a dona do meio ambiente, Márcio Thomas Bastos manda na Justiça, e essas áreas são conjuntos que interagem, esbarram, às vezes se confundem. Precisam de algum eixo. Há quem diga que o próprio Lula, em carne e osso, faria a coordenação dos ministérios. Não faz sentido, porque ele não teria tempo, nem tem temperamento e nem gosto para isso. No máximo, arbitrará conflitos quando José Dirceu -que vem tentando ligar para os ministros- esgotar seu estoque de convencimento, primeiro, e de comando, depois. A conclusão é que o ministério está naquela fase de "cada um por si e Lula por todos", mas o início da rotina, dos problemas e das cobranças deverá provocar algum freio de arrumação. Ou alguém se impõe pela própria dinâmica como coordenador do ministério, ou Lula vai ter que, logo ali adiante, providenciar um.
 
Sarney está forte para a presidência do Senado, mas há quem aposte num tertius, como Ramez Tebet ou Pedro Simon. Para não empurrar Renan Calheiros e a cúpula do PMDB para o barco da oposição.


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