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REAÇÃO NEONACIONALISTA
Começou a circular nos últimos
dias a idéia de que estaria ganhando
espaço no país algo como um neonacionalismo difuso. Assim como os
termos globalização ou neoliberalismo, a expressão neonacionalismo é
daquelas que, mal acabam de nascer,
já se tornam clichês de uso fácil e irrefletido, tão ao gosto dos políticos.
Ainda assim, não deixam de ser, na
sua própria imprecisão e generalidade, um termômetro de um momento
histórico ou de uma movimentação
real na sociedade.
Esse neonacionalismo estaria exprimindo, em primeiro lugar, a insatisfação crescente da população com
um governo que, desde o início, tomou o partido da internacionalização e apostou que a chance histórica
do Brasil estaria na adesão à onda de
reformas liberalizantes que varreu o
mundo nas últimas décadas.
As incertezas em relação ao futuro
do real e o fato de que o FMI tenha
voltado a tutelar os rumos da política
econômica brasileira acabaram por
provocar atitudes reativas de índole
nacionalista em parte da sociedade.
É lamentável no entanto que esse
neonacionalismo esteja sendo de
certa forma confundido e galvanizado por atos inconsequentes e arroubos verbais do governador de Minas,
Itamar Franco, que procura dar à
moratória que decretou tintas patrióticas e aspectos de resistência cívica.
O fato de que Itamar tente se transformar no líder da oposição ao governo central e de que o partido de
oposição historicamente mais programático, o PT, esteja caminhando
a reboque do governador mineiro revela a fragilidade desse oposicionismo. É bem possível, aliás, que Itamar
acabe sendo vítima de sua própria estratégia e termine isolado no xadrez
político como um personagem pouco mais que folclórico.
Ainda é cedo para sabê-lo, mas é
um fato que o PT por ora ainda não
conseguiu recuperar-se da crise de
seus principais esteios. Energias utópicas, bandeiras políticas e bases sociais tradicionais de esquerda foram
sendo varridas do mapa pelo avanço
prático e ideológico de políticas liberais. Se estas agora dão sinais evidentes de cansaço, não significa que poderão ser substituídas por um movimento meramente reativo de tintas
nacionalistas que, até agora, soa anacrônico e não mostrou nenhuma viabilidade prática ou política.
O país parece pois ter diante de si
um antagonismo estéril entre a aposta redobrada do governo em compromissos liberais e uma reação nacionalista que, por ora, parece tão sólida
quanto a folia do Carnaval.
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