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Filme de terror
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Com Celso Pitta entre a renúncia ou o impeachment e devidamente liquidado, vamos a quem realmente interessa: Paulo Maluf.
Pitta não é Pitta. É Maluf. É a cara
de Maluf, a mão de Maluf, a extensão
de Maluf. O seu último grande erro.
Pitta não era nada, não é nada. Saiu
do nada e volta para o nada. Se entre
um nada e outro ele ocupou a mais
poderosa e rica prefeitura do país, você aí, eleitor de São Paulo, é quem tem
de explicar. Ou se explicar.
Maluf já tinha batido no teto e só vinha caindo, de derrota em derrota. A
entrevista de Nicéa Pitta (quer dizer,
Camargo) derruba não só a gestão
Pitta, mas o que restava de Maluf.
Se Maluf acaba, o malufismo fica.
Seu eleitorado é forte, fiel e peculiar.
Forjado desde Adhemar de Barros e
Jânio Quadros, é suscetível ao discurso
populista e não dá a menor bola para
moralidade. Já teve diferentes formas.
Hoje, é malufista. Amanhã, poderá ser
qualquer coisa, mas ainda aí.
Na liderança da eleição municipal,
Marta Suplicy só tem a comemorar o
furacão Nicéa, porque a esquerda e
sua velha bandeira anticorrupção
saem fortalecidas. Mas é preciso saber
para onde vão os votos malufistas. Se
forem para Geraldo Alckmin, ele pode
chegar ao segundo turno. E se transformar aí num adversário perigoso.
Tanto Maluf sabe que deixou Nicéa
meio de lado e centrou em Mário Covas. No mínimo, lembrou que seu eleitorado pode tudo, menos descambar
para Covas e Alckmin -que entrou
no agora-ou-nunca. É pegar o eleitorado de direita ou largar.
Ou Maluf se candidata para perder
feio, ou assiste impotente a boa parte
dos seus votos migrando para Alckmin, ou tem que improvisar rapidamente um herdeiro para o malufismo.
Como naqueles filmes de terror em
que todo mundo pensa que o demônio
morreu, mas ele está inoculado numa
pessoa, num cão, num gato. Pronto a
sobreviver para sempre.
Em geral, são filmes de quinta categoria, mas parece que os eleitores de
São Paulo adoram.
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