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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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SEM ACORDO

A grande discussão mundial já não se dá em torno da ocorrência ou não de uma guerra no Iraque -já tida como certa-, mas, sim, se o conflito contará ou não com a chancela do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas.
Embora a Casa Branca tenha afirmado ontem que as negociações diplomáticas poderiam eventualmente prolongar-se até a próxima semana, vão se reduzindo as chances de que os integrantes do CS cheguem a um acordo sobre uma nova resolução, o que daria alguma legitimidade à ação militar. Foi o próprio primeiro-ministro britânico, Tony Blair, quem afirmou que a nova resolução é agora "menos provável do que jamais foi".
Blair é, aliás, um dos que mais perdem com a falta de acordo na ONU. Aliado de primeira hora do presidente George W. Bush, o premiê enfrenta, além da oposição de 81% dos cidadãos britânicos a uma guerra sem o aval das Nações Unidas, a ameaça de defecções em seu próprio gabinete. A ministra do Desenvolvimento Internacional, Clare Short, já indicou que deixaria o governo no caso de um ataque unilateral. Outros membros do Partido Trabalhista poderiam seguir seus passos.
Mesmo nos EUA, onde a oposição ao conflito é bem menor (55% defendem a guerra ainda que sem a ONU), começam a surgir algumas fissuras. O ex-presidente Bill Clinton, por exemplo, que vinha apoiando Bush em quase tudo, sugeriu que os EUA deveriam dar mais tempo aos inspetores para manter a comunidade internacional unida. Lampejos de oposição como esse não devem preocupar Bush por enquanto. Mas não é impossível que as vozes dissonantes cresçam e ganhem importância na hipótese de algo sair errado na ação -se um míssil acabar matando milhares de civis, por exemplo.
Tudo indica que a operação bélica virá. Segundo analistas militares, não deverá ser uma campanha difícil para as forças lideradas pelos EUA. Os obstáculos, para Bush, Blair e os que os apóiam, estão é no campo político, onde qualquer deslize poderá ter graves consequências.


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