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SEM ACORDO
A grande discussão mundial já
não se dá em torno da ocorrência ou não de uma guerra no Iraque
-já tida como certa-, mas, sim, se
o conflito contará ou não com a
chancela do Conselho de Segurança
(CS) das Nações Unidas.
Embora a Casa Branca tenha afirmado ontem que as negociações diplomáticas poderiam eventualmente
prolongar-se até a próxima semana,
vão se reduzindo as chances de que
os integrantes do CS cheguem a um
acordo sobre uma nova resolução, o
que daria alguma legitimidade à ação
militar. Foi o próprio primeiro-ministro britânico, Tony Blair, quem
afirmou que a nova resolução é agora
"menos provável do que jamais foi".
Blair é, aliás, um dos que mais perdem com a falta de acordo na ONU.
Aliado de primeira hora do presidente George W. Bush, o premiê enfrenta, além da oposição de 81% dos cidadãos britânicos a uma guerra sem
o aval das Nações Unidas, a ameaça
de defecções em seu próprio gabinete. A ministra do Desenvolvimento
Internacional, Clare Short, já indicou
que deixaria o governo no caso de
um ataque unilateral. Outros membros do Partido Trabalhista poderiam seguir seus passos.
Mesmo nos EUA, onde a oposição
ao conflito é bem menor (55% defendem a guerra ainda que sem a ONU),
começam a surgir algumas fissuras.
O ex-presidente Bill Clinton, por
exemplo, que vinha apoiando Bush
em quase tudo, sugeriu que os EUA
deveriam dar mais tempo aos inspetores para manter a comunidade internacional unida. Lampejos de oposição como esse não devem preocupar Bush por enquanto. Mas não é
impossível que as vozes dissonantes
cresçam e ganhem importância na
hipótese de algo sair errado na ação
-se um míssil acabar matando milhares de civis, por exemplo.
Tudo indica que a operação bélica
virá. Segundo analistas militares,
não deverá ser uma campanha difícil
para as forças lideradas pelos EUA.
Os obstáculos, para Bush, Blair e os
que os apóiam, estão é no campo político, onde qualquer deslize poderá
ter graves consequências.
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