|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
A seus pés
MARCELO BERABA
Rio de Janeiro - O governador Anthony Garotinho foi, enfim, subjugado
pelo PDT. Em se tratando de um partido com fortes tradições gaúchas, talvez o melhor termo seja domado.
Não se pode deixar de reconhecer
que o governador resistiu de todas as
maneiras a essa submissão.
Nenhum outro dissidente do partido
-e foram muitos, desde 1982- deu
tanto trabalho, bateu tanto boca, enfrentou tantas vezes Leonel de Moura
Brizola publicamente como o governador.
Em várias ocasiões, ao longo destes
15 meses de gestão, a ruptura entre
Garotinho e o PDT parecia irreversível. Em fevereiro, o governador chegou
a ameaçar a renúncia, chantagem que
aumentou ainda mais a ira do partido, mas que teve o efeito de sustar o
rompimento iminente.
Ao longo de todos estes meses, Garotinho foi infernizado por um PDT que
queria mais cargos na administração
e mais poder sobre o governador.
As denúncias políticas mais graves
que surgiram contra o seu governo
vieram do PDT, principalmente de
Brizola. Garotinho foi acusado, em
várias ocasiões, de usar a rede evangélica para fins políticos e eleitorais. O
PDT nunca reconheceu legitimidade
na sua aspiração presidencial.
Mais: uma boa parte das denúncias
de corrupção, que acabaram por desgastar de vez um governo em crise, tiveram origem em gabinetes do Legislativo e do Executivo ocupados por filiados ao PDT.
Garotinho pode, portanto, reclamar
de quem quiser: Luiz Eduardo Soares,
Febraban, imprensa, forças do mal,
Marcello Alencar, César Maia e quem
mais ele eleger. Mas nada lhe causou
tantos danos políticos quanto o PDT e
Brizola.
Seu governo entra agora em nova fase, marcada por uma forte e inquestionável hegemonia do PDT. Ele perdeu
todos os aliados que lhe ajudavam a
contrabalançar a força brizolista, exceto os evangélicos que ainda lhe cercam.
Resta saber se terá paz.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Ignorância e prepotência Próximo Texto: José Sarney: O Peru no labirinto Índice
|