São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 2000


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A seus pés

MARCELO BERABA

Rio de Janeiro - O governador Anthony Garotinho foi, enfim, subjugado pelo PDT. Em se tratando de um partido com fortes tradições gaúchas, talvez o melhor termo seja domado.
Não se pode deixar de reconhecer que o governador resistiu de todas as maneiras a essa submissão.
Nenhum outro dissidente do partido -e foram muitos, desde 1982- deu tanto trabalho, bateu tanto boca, enfrentou tantas vezes Leonel de Moura Brizola publicamente como o governador.
Em várias ocasiões, ao longo destes 15 meses de gestão, a ruptura entre Garotinho e o PDT parecia irreversível. Em fevereiro, o governador chegou a ameaçar a renúncia, chantagem que aumentou ainda mais a ira do partido, mas que teve o efeito de sustar o rompimento iminente.
Ao longo de todos estes meses, Garotinho foi infernizado por um PDT que queria mais cargos na administração e mais poder sobre o governador.
As denúncias políticas mais graves que surgiram contra o seu governo vieram do PDT, principalmente de Brizola. Garotinho foi acusado, em várias ocasiões, de usar a rede evangélica para fins políticos e eleitorais. O PDT nunca reconheceu legitimidade na sua aspiração presidencial.
Mais: uma boa parte das denúncias de corrupção, que acabaram por desgastar de vez um governo em crise, tiveram origem em gabinetes do Legislativo e do Executivo ocupados por filiados ao PDT.
Garotinho pode, portanto, reclamar de quem quiser: Luiz Eduardo Soares, Febraban, imprensa, forças do mal, Marcello Alencar, César Maia e quem mais ele eleger. Mas nada lhe causou tantos danos políticos quanto o PDT e Brizola.
Seu governo entra agora em nova fase, marcada por uma forte e inquestionável hegemonia do PDT. Ele perdeu todos os aliados que lhe ajudavam a contrabalançar a força brizolista, exceto os evangélicos que ainda lhe cercam.
Resta saber se terá paz.


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