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São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 2003

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EM BUSCA DE IDENTIDADE

Depois dos cem dias de governo de Luiz Inácio Lula da Silva -período arbitrariamente definido como de trégua política para qualquer administração que esteja começando-, os perdedores da eleição presidencial de 2002 tentam articular-se como oposição.
A tarefa é difícil porque o PSDB e, principalmente, o PFL não estão historicamente acostumados a estar do outro lado da caneta presidencial. Além disso, outro fato que tem tornado complicada essa transição é a adoção, pela administração do PT, de uma linha de governo muito parecida com a que norteou as duas gestões de Fernando Henrique Cardoso.
Merece uma análise mais detida o caráter quase cômico de o PFL fazer de um aumento maior do salário mínimo um cavalo de batalha parlamentar ou de integrantes do PSDB criticarem, por modesto, o aumento salarial concedido aos funcionários do Executivo federal. A comicidade não significa um veto a que tucanos e pefelistas exerçam a oposição. Mas trabalha como uma resistência a que esses partidos se comportem da mesma maneira que o PT se comportava quando estava na oposição.
Há, no entanto, uma diferença importante de repercussão entre a transição do PT para um governismo à moda de FHC e esses esboços de transição do PFL e do PSDB em direção a um oposicionismo à moda petista. O primeiro movimento exala uma incoerência radical entre o petismo de agora e o de outrora. Mas é considerado, por parte relevante dos formadores de opinião, como uma opção "inevitável" e, no fundo, até saudável para o país.
Já os repentes "petistas" de tucanos e pefelistas ameaçam a imagem de "responsabilidade" que os partidos construíram nos últimos anos diante desse mesmo público.


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