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EM BUSCA DE IDENTIDADE
Depois dos cem dias de governo de Luiz Inácio Lula da Silva
-período arbitrariamente definido
como de trégua política para qualquer administração que esteja começando-, os perdedores da eleição
presidencial de 2002 tentam articular-se como oposição.
A tarefa é difícil porque o PSDB e,
principalmente, o PFL não estão historicamente acostumados a estar do
outro lado da caneta presidencial.
Além disso, outro fato que tem tornado complicada essa transição é a
adoção, pela administração do PT,
de uma linha de governo muito parecida com a que norteou as duas gestões de Fernando Henrique Cardoso.
Merece uma análise mais detida o
caráter quase cômico de o PFL fazer
de um aumento maior do salário mínimo um cavalo de batalha parlamentar ou de integrantes do PSDB
criticarem, por modesto, o aumento
salarial concedido aos funcionários
do Executivo federal. A comicidade
não significa um veto a que tucanos e
pefelistas exerçam a oposição. Mas
trabalha como uma resistência a que
esses partidos se comportem da
mesma maneira que o PT se comportava quando estava na oposição.
Há, no entanto, uma diferença importante de repercussão entre a transição do PT para um governismo à
moda de FHC e esses esboços de
transição do PFL e do PSDB em direção a um oposicionismo à moda petista. O primeiro movimento exala
uma incoerência radical entre o petismo de agora e o de outrora. Mas é
considerado, por parte relevante dos
formadores de opinião, como uma
opção "inevitável" e, no fundo, até
saudável para o país.
Já os repentes "petistas" de tucanos
e pefelistas ameaçam a imagem de
"responsabilidade" que os partidos
construíram nos últimos anos diante
desse mesmo público.
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