São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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PAÍS VIOLENTO

A morte é inevitável. É a única certeza na vida de cada ser humano. O máximo que alguém pode fazer é tomar providências para evitar determinados tipos de morte. Quem jamais entrar num avião, por exemplo, terá reduzidíssimas chances de ser vítima de um acidente aéreo. É nesse contexto que se inscreve a expressão "mortes evitáveis", cunhada pela estatística médica para designar óbitos prematuros e provocados por fatores que podem ser combatidos, como o uso do tabaco.
A violência ocupa um importante lugar no capitulo dos óbitos evitáveis. Com efeito, as chamadas mortes por causas externas, ou seja, homicídios, suicídios e acidentes automobilísticos, se contam entre os grandes assassinos mundiais.
No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais do que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por 100 mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por 100 mil.
Esses números colocam o Brasil entre os campeões mundiais de homicídios. O primeiro lugar é ocupado pela Colômbia, com 60,8 por 100 mil. Em segundo, está a Rússia, com 28,4, uma taxa bastante próxima da brasileira. Para tornar a situação do país ainda mais vexatória, vale lembrar que vários países da Europa ocidental e o Japão apresentam índices inferiores a 1 por 100 mil.
O Brasil também faz péssima figura no quesito acidentes automobilísticos. A proporção dos óbitos por desastres com transportes está caindo no total de mortes por causas externas, mas isso se deve em parte à elevação dos homicídios.
Também inquietante é constatar que a proporção de mortes por causas externas no total de óbitos masculinos está crescendo. Ela passou de 13% em 1980 para 18% em 2000. Isso significa que o país está perdendo a guerra contra a violência.


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