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PAÍS VIOLENTO
A morte é inevitável. É a única
certeza na vida de cada ser humano. O máximo que alguém pode
fazer é tomar providências para evitar determinados tipos de morte.
Quem jamais entrar num avião, por
exemplo, terá reduzidíssimas chances de ser vítima de um acidente aéreo. É nesse contexto que se inscreve
a expressão "mortes evitáveis", cunhada pela estatística médica para
designar óbitos prematuros e provocados por fatores que podem ser
combatidos, como o uso do tabaco.
A violência ocupa um importante
lugar no capitulo dos óbitos evitáveis. Com efeito, as chamadas mortes por causas externas, ou seja, homicídios, suicídios e acidentes automobilísticos, se contam entre os
grandes assassinos mundiais.
No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os
mais recentes dados divulgados pelo
IBGE, sua taxa mais do que dobrou
ao longo dos últimos 20 anos, tendo
chegado à absurda cifra anual de 27
por 100 mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por 100 mil.
Esses números colocam o Brasil
entre os campeões mundiais de homicídios. O primeiro lugar é ocupado pela Colômbia, com 60,8 por 100
mil. Em segundo, está a Rússia, com
28,4, uma taxa bastante próxima da
brasileira. Para tornar a situação do
país ainda mais vexatória, vale lembrar que vários países da Europa ocidental e o Japão apresentam índices
inferiores a 1 por 100 mil.
O Brasil também faz péssima figura no quesito acidentes automobilísticos. A proporção dos óbitos por desastres com transportes está caindo
no total de mortes por causas externas, mas isso se deve em parte à elevação dos homicídios.
Também inquietante é constatar
que a proporção de mortes por causas externas no total de óbitos masculinos está crescendo. Ela passou
de 13% em 1980 para 18% em 2000.
Isso significa que o país está perdendo a guerra contra a violência.
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