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FERNANDO RODRIGUES
Caso abafado
BRASÍLIA - O escândalo Waldomiro Diniz completou dois meses ontem. O
ex-assessor de José Dirceu passou cerca de cinco horas falando à CPI da
Assembléia Legislativa do Rio.
Waldomiro negou-se a responder a
algumas perguntas. Confirmou ter
repassado R$ 100 mil para a campanha de Geraldo Magela (PT) a governador de Brasília, em 2002 -o petista nega ter recebido o numerário.
O ex-assessor palaciano elogiou a
sindicância (sic) realizada dentro do
Planalto. Em resumo, ontem foi o dia
do enterro de luxo do caso.
Até o momento, foi um sucesso
completo a operação abafa conduzida pelo governo federal. Waldomiro
pouco ou nada esclareceu com seu
depoimento no Rio. Ainda não falou
à Polícia Federal. Disse que só dará
depoimento à Justiça.
O principal ramo da investigação
está paralisado. O Ministério Público
ofereceu denúncia aparentemente
antes da hora. Não há segurança de
que o juiz aceitará as acusações. Tudo pode ser arquivado.
Mesmo que seja aberto um processo, a lentidão atávica da Justiça será
suficiente para enterrar ainda mais
fundo o escândalo.
A sindicância (sic) preparada pelo
Palácio do Planalto é um êxito completo para o governo. As 70 páginas
do relatório final foram divulgadas
num final de tarde. Seu conteúdo não
está na internet. Nada conclui.
A chave de ouro da operação abafa
é a ocultação que o Planalto faz dos
anexos da tal sindicância (sic). Os documentos são anódinos. Nada provam. Mas o acesso pleno a eles é negado com um argumento de rábula:
"Não há interesse pessoal e específico
demonstrado pelos órgãos de comunicação que lhes assegure o direito de
obtenção de cópia dos autos de processo de sindicância".
Caso encerrado. Para o governo
Lula, acesso a informação pública é
um conceito nebuloso. Varia conforme a conveniência do momento.
Agora, a ordem era abafar o caso
Waldomiro Diniz. Abafado foi.
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