São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

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EDITORIAIS

ARRANJOS PRODUTIVOS

O sistema industrial e de inovações brasileiro tem se caracterizado por um reduzido grau de aproveitamento econômico da pesquisa científica realizada no país, por poucos empreendimentos de base tecnológica e por insuficientes fontes de financiamento para empresas inovadoras.
Diante disso, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) tem procurado incorporar novas formas e instrumentos de promoção do desenvolvimento industrial e tecnológico. Destacam-se os mecanismos de redução dos riscos financeiros associados à inovação, bem como a indução de redes produtivas locais.
De passo com o projeto dos fundos setoriais, o MCT iniciou a implementação dos programas de arranjos produtivos locais e de apoio integrado ao empreendedorismo. Os recursos provêm do Fundo Verde Amarelo, formado por uma alíquota de 10% sobre as remessas de recursos ao exterior a título de pagamento por serviços tecnológicos.
O programa de arranjos produtivos locais pretende fomentar os laços de cooperação entre os produtores, os fornecedores e as instituições geradoras de conhecimento em diversas regiões do país. Requer a articulação dos diferentes agentes e o envolvimento das instituições públicas e privadas locais e estaduais.
Há vários arranjos que poderiam ser objeto dessa política, até mesmo para fomentar consórcios de exportação. Alguns exemplos são: produção de frutas no Rio Grande do Norte; calçados na Paraíba; aço, mármores no Espírito Santo; biotecnologia e automóveis em Minas Gerais; aeronáutica, telecomunicações e móveis em São Paulo; software e vestuário no Rio de Janeiro; soja e telecomunicações no Paraná; software e cerâmica em Santa Catarina; vinho, móveis e calçados no Rio Grande do Sul.
O programa de apoio ao chamado "empreendedorismo" procura estimular o nascimento de empresas que adotem inovações tecnológicas, geradas em conjunto com universidades e instituições de pesquisa. Incentiva o surgimento de incubadoras de empresas e de parques tecnológicos, que também podem fortalecer aglomerações produtivas locais.
Diferentes estudos, realizados pelo Instituto de Economia da Unicamp e Universidade Federal do Rio de Janeiro, mostram que políticas públicas podem consolidar aglomerações industriais como pólos geradores de crescimento, emprego, desenvolvimento tecnológico e exportações.
Enfim, vai se formando no governo e na sociedade brasileira um consenso em torno da necessidade de uma nova política industrial. Ela precisa utilizar os recursos disponíveis para coordenar os diferentes agentes e envolver os vários níveis de governo. Além disso, deve possibilitar a geração de crescentes superávits comerciais e a aplicação econômica das pesquisas e do conhecimento.


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