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COMOÇÃO COLOMBIANA
Ao declarar estado de comoção interna, o novo presidente
da Colômbia, o conservador Álvaro
Uribe, indica que aposta numa solução militar para a guerra civil. O estado de comoção dá a Uribe poderes
para governar por decreto e suspende garantias constitucionais. O presidente já aproveitou as novas prerrogativas, válidas por 90 dias, para baixar uma taxa sobre propriedades que
será usada no combate às guerrilhas.
Também ordenou o bombardeio de
posições das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia), a
principal guerrilha do país.
Até aí, nada há de surpreendente.
Uribe foi eleito já no primeiro turno
justamente com a promessa de utilizar "mão firme" contra grupos armados. A questão, entretanto, é mais
complexa. A maioria dos analistas
considera que não existe solução militar para a guerra civil colombiana. A
guerrilha existe já há 40 anos. Durante 30 anos, o país viveu sob estado de
sítio mais ou menos ininterrupto
sem que as forças do governo tivessem conseguido acabar com os principais grupos insurretos.
Embora a mais recente tentativa de
negociação, sob o governo Andrés
Pastrana (1998-2002), tenha falhado
-e principalmente por culpa da
guerrilha-, é importante manter
abertos canais de comunicação e evitar a guerra total. A paz futura quase
certamente passará por um entendimento entre governo e guerrilhas.
O fato de a população aprovar a retórica dura não significa que essa
tendência perdurará. Há apenas quatro anos, Pastrana era sagrado presidente, tendo como bandeira a negociação com os movimentos rebeldes.
Ainda que Uribe não tenha fechado
inteiramente as portas para o diálogo, tudo indica que ele vá manter as
Farc sob intensa pressão militar. O
risco em casos como esse é que se
perca o controle e a Colômbia se precipite numa guerra total, que tornará
ainda mais longínquas as perspectivas para uma paz duradoura.
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