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CLÓVIS ROSSI
Déficit, Brasil e Noruega
SÃO PAULO - Roberto Egydio Setúbal, diretor-presidente do banco Itaú,
manda tabela para provar que há,
sim, países que fazem esforço fiscal
superior ao do Brasil, ao contrário do
afirmado sábado neste espaço.
São oito países (Noruega, Finlândia, Grécia, Canadá, Bélgica, Suécia,
Coréia e Itália).
Para Setúbal, o dado demonstra
que "não há nada de extraordinário"
nos 3,75% do PIB, que representam o
superávit fiscal do Brasil (receitas do
governo menos despesas, fora pagamento de juros).
Acha até que "o esforço fiscal deveria ser maior dadas as condições da
nossa economia".
Feita a correção e registrada a opinião, vale dizer que a tabela enviada
pelo presidente do Itaú mostra que,
no conjunto dos 15 países da União
Européia, o superávit fiscal é bem inferior ao do Brasil (2,5%).
No caso da OCDE, os 29 países supostamente mais industrializados do
planeta, o "lucro" do governo (1,7%
do PIB) não chega à metade do que é
obtido no Brasil (os dados, em todos
os casos, referem-se a 2001).
Trata-se de países em que as carências são bem menores do que as do
Brasil, o que torna mais indolor o
"lucro" do governo.
Dá perfeitamente para entender o
fato de que décadas de desperdício do
dinheiro público provoquem urticária quando se fala em gastos do governo. Mas daí a se apertar demais o
torniquete vai uma distância que o
bom senso e até a boa governança
mandariam não percorrer.
Uma coisa é a Noruega ter o monumental superávit de 13,2% de seu
PIB. Trata-se do país que ocupa o primeiro lugar no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), elaborado
pelas Nações Unidas para medir a
qualidade de vida no planeta.
Outra coisa, completamente diferente (e alucinada), é pretender que o
Brasil, 73º colocado no mesmo ranking, mantenha superávits fiscais tão
elevados como o atual durante anos e
anos como quer o FMI.
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