No momento em que os fracos resultados da balança comercial neste ano abrem um debate acerca da indústria de componentes, instalou-se o Fórum de Competitividade do Complexo Eletrônico, que reúne empresários, trabalhadores e governo para tentar equacionar os principais problemas do setor.
O déficit comercial nesse ramo industrial foi de US$ 6,67 bilhões em 99. Em 2000, houve crescimento das exportações de alguns bens finais (como celulares), mas a indústria de componentes continuou a ampliar as importações, que devem fechar o ano em cerca de US$ 6 bilhões (crescimento de US$ 1,2 bilhão sobre 99).
Assim, uma das principais questões que se colocam para o fórum é a da substituição de importações.
O economista José Roberto Mendonça de Barros, por exemplo, defende que esse objetivo seja perseguido sem a utilização de subsídios. O governo deveria realizar esforços para melhorar a educação, a qualificação da mão-de-obra e a estrutura tributária, além de tomar outras iniciativas que aumentem a competitividade da economia brasileira como um todo. Assim, seria possível convencer multinacionais a produzir muitos de seus componentes no Brasil.
Não há dúvida de que essas medidas são necessárias. Mas é difícil crer que apenas o convencimento seja suficiente para atrair indústrias de componentes em número razoável.
É preciso discutir a conveniência de também criar políticas específicas para o setor. É importante lembrar que a OMC permite a concessão de subsídios em casos como os de incentivo ao desenvolvimento tecnológico e regional -desde que tais subsídios sejam temporários e condicionados ao cumprimento de metas pelos beneficiados. Não se trata, portanto, de repetir os erros do passado.
O Ministério do Desenvolvimento tem mostrado preocupação com o setor eletrônico. Mas é preciso que o escopo de sua ação seja ampliado. O novo fórum é uma oportunidade para que isso se concretize.


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