BRASÍLIA - Julho de 2001: ministros, governadores e parlamentares tucanos denunciam um "conluio" entre PT, procuradores, policiais e imprensa para "botar fogo no circo" e queimar o governo FHC.
Petistas exigem apuração da verdade até as últimas consequências e acusam o Planalto de dificultar a investigação. A imprensa, municiada pelo PT, é tratada como "corajosa".
O alvo direto é o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira, logo apelidado de "EJ", numa alusão ao PC Farias de Collor. Mas a oposição mira em Eduardo Jorge para acertar o coração do governo: o Planalto, o próprio FHC.
Dezembro de 2003: ministros, governadores e parlamentares petistas estão furibundos com procuradores, policiais e imprensa por tentarem transformar um "crime comum" num caso de corrupção envolvendo prefeitura do PT.
Petistas irados dizem que ninguém quer a verdade, que só se procura atingir politicamente o governo. Acusam os procuradores de "tucanos" e a imprensa de "sensacionalista".
O alvo direto da investigação dos procuradores, cujo processo foi acatado pela Justiça, é o ex-segurança e agora empresário bem-sucedido Sérgio Gomes da Silva, o Sombra. Mas a oposição ao PT mira em Sombra para acertar o coração do poder: o PT, quiçá o próprio governo.
Os procuradores, a polícia e a imprensa mudaram. Ou o PT mudou.
Uma sugestão para o debate: que tal unificar o discurso? Ou procuradores, policiais e imprensa erraram no governo FHC (transformando Eduardo Jorge em EJ) e continuam errando no governo Lula (transformando Gomes da Silva em Sombra) ou procuradores, policiais e imprensa estavam cumprindo sua função de investigação no governo FHC e continuam cumprindo agora.
O que não dá é para os petistas exigirem investigar tudo do governo FHC e não quererem investigar nada de uma mera prefeitura do PT. Ou investigam-se todos ou calam-se todos para sempre.


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