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IMPROVISO TRIBUTÁRIO
Até aqui sem força política para
executar uma autêntica reforma tributária, o governo federal avança na
arte de inventar artifícios cujo objetivo imediato é apenas criar impostos
e aumentar a arrecadação. O novo expediente para isso seria um imposto
seletivo sobre combustíveis.
Em tese, a idéia de um "imposto
verde" não é absurda, pode ser até
uma forma de efetivamente criar bases para uma política de defesa do
meio ambiente e mesmo de racionalização do sistema de transportes.
Mas é evidente que, hoje, o governo
não dispõe de políticas claras, seja na
área ambiental, seja na de transportes e muito menos na tributária. Sem
política, a boa tese torna-se apenas
um remendo que aumentará os custos das empresas e asfixiará uma
classe média que, como sempre, é o
alvo mais fácil, se não o preferido, do
afã coletor da Receita Federal.
Num momento de contenção de
despesas, nada mais óbvio que a defesa do novo imposto pelo Ministério
dos Transportes, que pretenderia obter até R$ 5 bilhões com o novo imposto. A princípio, esse novo imposto apenas substituiria outros que hoje incidem sobre combustíveis. Mas
falta ao governo demonstrar que se
trataria de racionalização e não de
aumento da carga tributária.
O governo anda à procura de compensações para a derrota que sofreu
no Congresso na questão da contribuição de inativos e para as resistências à criação do Imposto sobre a
Movimentação Financeira (IMF), outra iniciativa altamente discutível.
Seria muito positivo que o Congresso examinasse com o devido cuidado, no contexto da reforma tributária, o princípio de que o custo social
da poluição tem de ser pago por
quem a causa. Aliás, o tema está na
agenda internacional de políticas para o meio ambiente, mas sempre colocado ao lado da exigência de redução da poluição sem com isso criar
outros custos para a economia.
A apresentação do novo imposto,
fora desse contexto, apenas compromete uma idéia que poderia ser boa.
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