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Dores de consumidor
JOSIAS DE SOUZA
São Paulo - Não há pior asneira do
que confundir cartão de crédito com
dinheiro. São coisas muito distintas.
A diferença entre o dinheiro e o cartão de crédito é que o primeiro tem
perna curta e o segundo às vezes dá o
passo maior do que a perna.
O dinheiro sabe o que pode comprar.
O cartão de crédito, geralmente, compra muito mais.
Fujo de cartão de crédito como Pinochet do Judiciário espanhol. Uso-os
com parcimônia e moderação.
Mas sempre tentam nos empurrar
novos cartões. Eles chegam sorrateiramente, pelo correio, sem que ninguém
os tenha encomendado.
O fenômeno dos cartões enxeridos
virou uma praga. De minha parte, como não os desejo, corto-os ao meio e
dou de ombros.
Na última quinta-feira, porém, a
coisa passou dos limites. Estava posto
em sossego, quando recebi em casa
uma inusitada fatura.
Em conluio com o Banco Real, a
Mastercard cobrava-me anuidade de
R$ 90 por um cartão que não pedi,
não recebi e não quero receber.
Pendurei-me ao telefone. Descobri o
seguinte: o cartão me foi enviado em
junho, para um endereço antigo. Como havia me mudado, não o recebi.
Ainda assim, o débito referente à
anuidade pingou em minha caixa de
correspondência.
Disseram-me no banco para esquecer o assunto. A fatura seria cancelada. Prometeram-me uma explicação,
que aguardo com certa ansiedade.
Antigamente, quando se falava em
bancos e assaltos, não havia dúvidas
quanto à natureza da ação. Ela se
processava de fora para dentro. Hoje,
como se vê, a tunga também pode vir
de dentro para fora.
Já não precisamos sair às ruas para
flertar com a insegurança. Fisgam-nos
o bolso dentro de nossa própria casa.
Se chiamos, desculpam-se. Do contrário... Consumidores, cuidado.
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