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O FMI está rasgando dinheiro
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - O FMI está jogando dinheiro fora quando finge acreditar no
ajuste fiscal brasileiro.
Até as placas de trânsito em Brasília
sabem que os pilares do pacote fiscal
do governo FHC já foram para o brejo.
E dificilmente sairão do atoleiro.
O tal esforço fiscal em 99 seria de R$
28 bilhões. O grosso viria da elevação
de receitas, como o aumento da alíquota da CPMF (o imposto do cheque)
e a arrecadação adicional de INSS de
servidores públicos.
Aos fatos:
1) CPMF - A atual, de 0,20%, pára de
ser cobrada em 23 de janeiro. Isso é
um fato irreversível.
A nova emenda constitucional que
será aprovada com alíquota de 0,38%
para a CPMF deve sair do Senado,
com muita sorte, em 15 de janeiro
-numa previsão panglossiana.
Na Câmara, a tramitação da emenda da CPMF deve demorar, na melhor
das hipóteses, uns dois meses. É importante considerar que esse período
coincide com a eleição dos presidentes
da Câmara e do Senado. Isso para não
citar o Carnaval.
Num cenário otimista, a CPMF de
0,38% pode estar aprovada em definitivo lá para o final de março. Não vai
colar o argumento do governo de que
se trata de uma prorrogação -afinal,
ninguém prorroga algo que já não
existe. Portanto será necessário esperar o prazo constitucional de 90 dias
para que a nova taxa seja cobrada.
Em resumo, a CPMF de 0,38% será
debitada dos nossos cheques só a partir de julho de 99. O governo terá perdido cinco meses. Isso representa uma
quebra de R$ 7 bilhões na arrecadação prevista.
2) Aumento do INSS dos servidores -
Como não foi aprovada essa medida,
o governo terá uma perda de R$ 2,6
bilhões no ano que vem.
Somando as duas perdas, CPMF e
INSS de servidores, o governo terá um
buraco astronômico de R$ 9,6 bilhões
nas suas contas.
O FMI pode até acreditar que um
milagre salve o Brasil. O governo brasileiro tentará fazer algo. Mas, por enquanto, com a situação atual, o fundo
está rasgando dinheiro ao emprestar
para quem não tem como pagar.
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