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VALDO CRUZ
O veneno pefelista
BRASÍLIA - O PFL mostrou que tem
tudo para ser o PT do PT no governo
de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o
que se viu na primeira semana de
trabalho do Congresso pós-Carnaval,
quando a vida começa de fato no Legislativo brasileiro.
Os pefelistas comandaram, com a
ajuda de tucanos e de peemedebistas,
a obstrução das votações de interesse
dos petistas. Do outro lado do balcão,
o agora governista PT provou do próprio veneno, tantas vezes usado por
ele contra o governo FHC.
Foi engraçado assistir aos petistas
reclamarem da atuação do PFL. De
que os liberais da oposição estavam
emperrando votações "urgentes e
cruciais" para o país por causa de picuinhas. Leia-se salvar a pele do senador Antonio Carlos Magalhães.
Presidente do PFL, o senador Jorge
Bornhausen diz que seu partido não
deseja o fracasso de Lula. Está apenas
causando constrangimentos aos petistas, procurando mostrar as "saudáveis" incoerências do PT de hoje
com o de ontem.
É por isso, diz o senador, que seu
partido não irá apresentar propostas
de reforma tributária ou previdenciária. Está aguardando, ansiosamente, as de Lula. Ele que encaminhe
os projetos necessários para o país,
que terão de atacar privilégios antes
defendidos pelos petistas. "Eles que
assumam o desgaste, como ocorreu
conosco nos tempos de FHC."
Bornhausen, por sinal, atribuiu a
demora no envio ao Congresso das
reformas petistas à falta de coragem
de enfrentar setores ligados ao próprio partido. O que, segundo ele, está
causando uma inércia neste início de
administração Lula.
O senador aponta apenas um setor
do governo que estaria escapando do
clima de letargia: o Ministério da Fazenda, de Antonio Palocci, "um oásis
no deserto petista".
Exagerado ou não em sua avaliação, é assim que pensa o comandante
do PFL oposicionista. Que está cada
dia mais livre para ser oposição depois que ACM, o ex-novo queridinho
dos petistas, se enrolou de vez nos
grampos baianos.
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