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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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VALDO CRUZ

O veneno pefelista

BRASÍLIA - O PFL mostrou que tem tudo para ser o PT do PT no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o que se viu na primeira semana de trabalho do Congresso pós-Carnaval, quando a vida começa de fato no Legislativo brasileiro.
Os pefelistas comandaram, com a ajuda de tucanos e de peemedebistas, a obstrução das votações de interesse dos petistas. Do outro lado do balcão, o agora governista PT provou do próprio veneno, tantas vezes usado por ele contra o governo FHC.
Foi engraçado assistir aos petistas reclamarem da atuação do PFL. De que os liberais da oposição estavam emperrando votações "urgentes e cruciais" para o país por causa de picuinhas. Leia-se salvar a pele do senador Antonio Carlos Magalhães.
Presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen diz que seu partido não deseja o fracasso de Lula. Está apenas causando constrangimentos aos petistas, procurando mostrar as "saudáveis" incoerências do PT de hoje com o de ontem.
É por isso, diz o senador, que seu partido não irá apresentar propostas de reforma tributária ou previdenciária. Está aguardando, ansiosamente, as de Lula. Ele que encaminhe os projetos necessários para o país, que terão de atacar privilégios antes defendidos pelos petistas. "Eles que assumam o desgaste, como ocorreu conosco nos tempos de FHC."
Bornhausen, por sinal, atribuiu a demora no envio ao Congresso das reformas petistas à falta de coragem de enfrentar setores ligados ao próprio partido. O que, segundo ele, está causando uma inércia neste início de administração Lula.
O senador aponta apenas um setor do governo que estaria escapando do clima de letargia: o Ministério da Fazenda, de Antonio Palocci, "um oásis no deserto petista".
Exagerado ou não em sua avaliação, é assim que pensa o comandante do PFL oposicionista. Que está cada dia mais livre para ser oposição depois que ACM, o ex-novo queridinho dos petistas, se enrolou de vez nos grampos baianos.


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