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CLÓVIS ROSSI
Teste para a angústia
BRUXELAS - O índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos subiu 0,5% em março. Se se ficar apenas no núcleo da inflação, o índice foi
maior 0,4%, o maior aumento em
mais de dois anos.
O aumento de preços é tratado, por
dez de cada dez analistas, como "catalisador para o Fed (o banco central
dos Estados Unidos) começar a elevar as taxas de juros", conforme
anunciava o noticiário on-line do
jornal britânico "Financial Times".
Um sinal adicional de que os juros
devem mesmo subir é dado pelo comportamento da relação euro/dólar.
Os indicadores mais recentes de uma
evolução favorável da economia dos
EUA levaram o euro a cair a sua cotação mais baixa em 2004, na altura
de US$ 1,187.
Bom, se, como se prevê, os Estados
Unidos começarem a subir os juros,
começa igualmente a desaparecer o
fascínio com mercados emergentes
como o Brasil, que oferecem risco
mais elevado, mas, por isso mesmo,
pagam mais aos investidores.
Há uma importante corrente de
analistas que acha que a melhoria
havida na avaliação externa do risco-Brasil se deveu mais ao apetite pelo risco do que por uma real solidez
dos números brasileiros.
Ou, posto de outra forma, a política
econômica do governo Lula, que seu
próprio mentor, o ministro Palocci,
chamou de "angustiante", vai passar
agora pelo teste externo. O que só
tende a aumentar a angústia, como
se um desempregado incendiar-se
diante dos portões do poder já não
fosse angústia suficiente.
Por falar em angústia, a Abong (Associação Brasileira de Organizações
Não-Governamentais) discutiu ontem no Rio o governo Lula. Uma frase só basta para evidenciar a angústia desse setor, ex-companheiro de
viagem do PT.
"O governo coloca muito mais desempregados na rua com a sua política fiscal e política monetária do que
vai conseguir alimentar com o Fome
Zero", disparou Fernando José Cardim, da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) e do Laboratório
da Cidadania.
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