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EXPURGO PETISTA
A decisão da cúpula petista de
convocar uma Comissão de
Ética e Disciplina com vistas a expulsar da organização representantes de
sua ala "radical" é mais um episódio
na consolidação da nova etapa que
vive o partido. O surgimento de uma
dissidência esquerdista já estava em
curso havia tempos e, certamente, fazia parte do cálculo político do núcleo dirigente do PT quando se consolidou a opção pragmática por uma
guinada ao centro, visando ao êxito
nas eleições de 2002.
Ninguém imaginaria que a ala esquerdista fosse assimilar silenciosamente a elástica ampliação das alianças políticas, seguida, após a conquista do Planalto, de uma conservadora condução da economia e da
adesão a reformas antes contestadas.
É inegável que o modo brusco como se deu a virada política do PT, da
oposição ao poder, o expõe a acusações de oportunismo político. Da
mesma forma, é impossível não ver
aspectos autoritários e contraditórios na decisão -praticamente já tomada- de banir, exemplarmente, o
"babaísmo" da agremiação.
Seria ingenuidade, porém, simplesmente transformar em mártires
os componentes do ruidoso grupelho. Afinal, mostram-se abertamente
dispostos a votar contra as novas determinações do partido, contrariando o salutar princípio da fidelidade
partidária, e fazem da intransigência
um espetáculo para a mídia.
O processo em curso não deixa de
ter o sabor de uma reencenação farsesca da velha tradição de expurgos e
eliminação de dissidentes que marca
a história das organizações de esquerda. Uma dose de ironia é adicionada ao episódio quando se constata
que alguns dos prováveis banidos do
PT professam o trotskismo, doutrina
ligada a Leon Trótski, líder bolchevique do Exército Vermelho, que acabou assassinado a mando de seu ex-"companheiro" Josef Stálin.
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