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São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Lula mais, governo menos

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai muito bem, obrigada, mas o mesmo não se diz do conjunto do seu governo.
Lula fez um gol ao ir ao Congresso com todos os governadores, de todos os Estados e partidos, para entregar propostas de reforma da Previdência e tributária que deixaram de ser "dele" para ser "deles".
Também tem sido incansável em conversar e converter parlamentares, partidos, empresários e adversários convencendo-os sobre suas boas intenções e rumos. Um sedutor.
O problema, porém, é que ninguém entende bem aonde o governo quer chegar em pelo menos três setores decisivos: política industrial, ciência e tecnologia e -"last but not least"- área social.
Na discussão sobre a indução do Estado para promover o crescimento econômico, há dúvidas sobre a estratégia: uma atuação horizontal, investindo em todos os setores e em diferentes faixas, ou vertical, focando setores estratégicos bem definidos?
Na questão social, mantém-se a lengalenga da "universalização" versus "focalização", quando o que continua faltando é coordenação, gerência, um eixo para tudo o que vem sendo exaustivamente dito.
E, na área de ciência e tecnologia, permanece a velha discussão, que parecia ultrapassada: investir em ciência de base e produção acadêmica ou em tecnologia voltada para a produção, para o produto.
Em cada uma dessas áreas, há um protagonista pensando de um jeito, outro pensando diferente e nenhum dos dois chega a lugar algum.
Tudo isso posto, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (que trocou o PMDB pelo PTB no dia em que Lula recebia os peemedebistas) analisa: "O presidente está ótimo, mas o mesmo não vale para seu governo. Falta nitidez".
Vendo de outro jeito, Lula faz política, Palocci segura as rédeas da macroeconomia e José Dirceu garante os votos no Congresso, todos com êxito. Mas, no meio desse triângulo, está uma confusão de dar gosto.


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