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ELIANE CANTANHÊDE
Lula mais, governo menos
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai muito bem, obrigada, mas o mesmo não se diz do conjunto do seu governo.
Lula fez um gol ao ir ao Congresso
com todos os governadores, de todos
os Estados e partidos, para entregar
propostas de reforma da Previdência
e tributária que deixaram de ser "dele" para ser "deles".
Também tem sido incansável em
conversar e converter parlamentares,
partidos, empresários e adversários
convencendo-os sobre suas boas intenções e rumos. Um sedutor.
O problema, porém, é que ninguém
entende bem aonde o governo quer
chegar em pelo menos três setores decisivos: política industrial, ciência e
tecnologia e -"last but not least"-
área social.
Na discussão sobre a indução do
Estado para promover o crescimento
econômico, há dúvidas sobre a estratégia: uma atuação horizontal, investindo em todos os setores e em diferentes faixas, ou vertical, focando setores estratégicos bem definidos?
Na questão social, mantém-se a
lengalenga da "universalização" versus "focalização", quando o que continua faltando é coordenação, gerência, um eixo para tudo o que vem
sendo exaustivamente dito.
E, na área de ciência e tecnologia,
permanece a velha discussão, que parecia ultrapassada: investir em ciência de base e produção acadêmica ou
em tecnologia voltada para a produção, para o produto.
Em cada uma dessas áreas, há um
protagonista pensando de um jeito,
outro pensando diferente e nenhum
dos dois chega a lugar algum.
Tudo isso posto, o presidente da
CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (que trocou o PMDB pelo
PTB no dia em que Lula recebia os
peemedebistas) analisa: "O presidente está ótimo, mas o mesmo não vale
para seu governo. Falta nitidez".
Vendo de outro jeito, Lula faz política, Palocci segura as rédeas da macroeconomia e José Dirceu garante os
votos no Congresso, todos com êxito.
Mas, no meio desse triângulo, está
uma confusão de dar gosto.
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