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SURPRESA NA ÍNDIA
O grande derrotado nas
eleições na Índia foi o BJP (Partido Bharatiya Janata), do premiê
Atal Behari Vajpayee, que renunciou.
O resultado, que contrariou todas as
pesquisas, é surpreendente porque,
sob o comando de Vajpayee, a Índia
vinha apresentando expressivos índices de crescimento. No ano passado,
o PIB (Produto Interno Bruto) indiano saltou 10,4%, atingindo US$ 510
bilhões, puxado por uma indústria
de tecnologia da informação que se
firmou entre as maiores do mundo.
O ocaso do BJP deixou o Partido do
Congresso na condição de legenda
com maior número de cadeiras no
Parlamento, embora sem a maioria.
Se conseguir formar uma coalizão
-o que poderá fazer com o apoio
dos comunistas e de outras agremiações de esquerda-, o clã dos Nehru-Gandhi poderá voltar ao poder na Índia. Sonia Gandhi já negocia a formação do governo que provavelmente chefiará. Há aí outro fato inesperado, pois Sonia é italiana, o que já havia sido apontado como um obstáculo quase intransponível num país tão
nacionalista como a Índia.
Sonia entrou para a poderosa dinastia ao casar-se com Rajiv Gandhi,
que foi premiê da Índia de 1984 até
seu assassinato, em 1989. E Rajiv
"herdou" o comando de sua mãe,
que também morreu assassinada.
Antes, a Índia havia sido governada
pelo pai de Indira, Jawaharlal Nehru,
o primeiro premiê indiano depois da
independência, em 1947.
"A posteriori" surgem várias explicações para a derrota do BJP. Elas vão
de fatores climáticos (a seca que atingiu Estados-chave) a considerações
demográficas (a população rural de
670 milhões de eleitores não se sentiu representada pelo governo de Vajpayee). O mais convincente dos argumentos, contudo, parece ser o de
que fazer a economia crescer sem repartir os benefícios é insuficiente.
Apesar dos robustos números do
PIB, a Índia caiu no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano listado pela ONU do 115º lugar em 2001
para o 127º em 2003.
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