São Paulo, sábado, 15 de maio de 2004

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SURPRESA NA ÍNDIA

O grande derrotado nas eleições na Índia foi o BJP (Partido Bharatiya Janata), do premiê Atal Behari Vajpayee, que renunciou. O resultado, que contrariou todas as pesquisas, é surpreendente porque, sob o comando de Vajpayee, a Índia vinha apresentando expressivos índices de crescimento. No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) indiano saltou 10,4%, atingindo US$ 510 bilhões, puxado por uma indústria de tecnologia da informação que se firmou entre as maiores do mundo.
O ocaso do BJP deixou o Partido do Congresso na condição de legenda com maior número de cadeiras no Parlamento, embora sem a maioria. Se conseguir formar uma coalizão -o que poderá fazer com o apoio dos comunistas e de outras agremiações de esquerda-, o clã dos Nehru-Gandhi poderá voltar ao poder na Índia. Sonia Gandhi já negocia a formação do governo que provavelmente chefiará. Há aí outro fato inesperado, pois Sonia é italiana, o que já havia sido apontado como um obstáculo quase intransponível num país tão nacionalista como a Índia.
Sonia entrou para a poderosa dinastia ao casar-se com Rajiv Gandhi, que foi premiê da Índia de 1984 até seu assassinato, em 1989. E Rajiv "herdou" o comando de sua mãe, que também morreu assassinada. Antes, a Índia havia sido governada pelo pai de Indira, Jawaharlal Nehru, o primeiro premiê indiano depois da independência, em 1947.
"A posteriori" surgem várias explicações para a derrota do BJP. Elas vão de fatores climáticos (a seca que atingiu Estados-chave) a considerações demográficas (a população rural de 670 milhões de eleitores não se sentiu representada pelo governo de Vajpayee). O mais convincente dos argumentos, contudo, parece ser o de que fazer a economia crescer sem repartir os benefícios é insuficiente. Apesar dos robustos números do PIB, a Índia caiu no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano listado pela ONU do 115º lugar em 2001 para o 127º em 2003.


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