SÃO PAULO - Firmou-se na jovem democracia brasileira a convicção, sustentada pela experiência, de que pleitos municipais se decidem em torno de questões locais. O eleitor municipal tende, naturalmente, a fazer escolhas com base naquilo que presume ser mais benéfico para a cidade em termos de melhoramentos urbanos e de serviços essenciais, como educação e transporte. Se essa preponderância da temática local deve novamente se verificar nas eleições deste ano, há sinais de que, no caso paulistano, haverá uma certa "federalização" da campanha.
Imbricam-se na maior cidade do país, talvez como em nenhuma outra, circunstâncias nacionais e locais. É o caso flagrante do desemprego, que atinge na Paulicéia índices impressionantes. O legado, por certo, é da era tucana, mas nada se viu até aqui na administração Lula que demonstrasse estar a caminho o cumprimento do compromisso de gerar os milhões de postos anunciados durante a corrida presidencial.
Talvez isso não fosse suficiente para dar tinturas nacionais aos embates de São Paulo, mas o fato de José Serra ter, enfim, descido do muro e aceitado apresentar sua candidatura, servirá, ao que tudo indica, como catalisador. A provável polarização entre Serra e Marta Suplicy, representantes de dois grandes partidos de origem paulista, deverá submeter-se a uma dialética local-nacional, na qual a atual prefeita tenderá a municipalizar o debate, já que, ao contrário de Lula, já conta com um rol de realizações para mostrar. E elas parecem ter tocado um eleitorado -o das periferias- que Serra deverá ter dificuldades para conquistar.
É claro que ainda estamos no início das preliminares. Muita água poluída ainda passará sob as feiosas pontes das marginais até que se tenha uma visão mais clara do que poderá ocorrer em São Paulo. Não há dúvida, porém, de que o pleito paulistano desde já se apresenta, para usar a imagética futebolística (tão cara ao presidente Lula), como o principal candidato a grande "clássico" do campeonato político deste ano.


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