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EFEITO COLATERAL
Efeito do crescimento da extrema direita em vários países europeus, a próxima cúpula da UE, a
realizar-se em Sevilha na semana que
vem, terá como principal tema a imigração. A idéia é adotar um plano
conjunto de ação para conter a entrada de imigrantes ilegais. O projeto
poderá incluir até punições aos países de onde saem os clandestinos.
Os líderes da UE basicamente respondem ao sucesso de partidos antiimigração em pleitos de diversos
países, como Áustria, Itália, Dinamarca, França e Holanda. Ninguém
duvida de que os avanços de agremiações extremistas se deva à percepção -justa ou não, não importa- que existe nessas nações de que
a entrada de estrangeiros é um problema que já "fugiu do controle".
A questão da imigração é bem mais
complexa. Na verdade, muitos países da UE necessitam de imigrantes.
É a forma mais rápida de rejuvenescer a população e evitar o colapso do
sistema previdenciário. Mas, como
bem definiu a revista britânica "The
Economist" com alguma ironia, a
UE só está disposta a aceitar um certo número de programadores de
computador e, com relutância, umas
poucas vítimas de tortura, desde que
possam exibir cicatrizes convincentes. Os migrantes "normais", pobres
e sem educação formal que deixam
seus países para tentar vida melhor
na Europa, já não são bem-vindos.
É pouco provável, porém, que a Europa adote imediatamente medidas
duras contra a entrada de estrangeiros. Em primeiro lugar, falta à UE a
necessária uniformização das leis
nacionais de imigração para que se
possa propor ações concertadas. Por
enquanto, o que os líderes europeus
deverão tentar fazer é indicar para os
eleitores que estão atentos para o
problema. Seria uma resposta política para o problema político colocado
pelo crescimento da extrema direita.
Mas, se essa tendência persistir, aí
sim a UE poderá sentir-se tentada a
"fechar" suas fronteiras.
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