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CLÓVIS ROSSI
O terror e o colchão
SÃO PAULO - Partiu de Anthony Garotinho, o candidato do PSB à Presidência, a observação talvez mais sensata sobre o pacote "calmante" editado anteontem pelo governo. Garotinho sugere que o dinheiro extra a ser
sacado do FMI (Fundo Monetário
Internacional) fique para o futuro
presidente utilizar nos primeiros três
meses de sua gestão.
Proposta sensata porque:
1 - A situação já era complicada antes de o Brasil ter-se tornado a "bola
da vez", para usar expressão do jornalista Celso Pinto, que, entre mil
qualidades, tem também a de ser
avesso ao sensacionalismo.
2 - Nos últimos dez ou 15 dias de frenesi nos mercados, a situação só fez
piorar -e muito.
3 - A situação vai piorar mais se estiver correta a avaliação mais difundida após o pacote, segundo a qual se
trata apenas de aspirina ou paliativo.
4 - Faz todo o sentido, do ponto de
vista lógico, cobrar clareza nas propostas do PT, desde que se aplique a
mesma lógica às propostas de todos,
inclusive às de José Serra.
Mas, do ponto de vista prático, não
adianta o PT ser mais claro que água
pura. Ainda que Lula se comprometesse em cartório a privatizar até o
Palácio do Planalto, os tais mercados
continuariam "votando" contra ele,
como já deixou claro George Soros,
entre outros peritos.
Como Lula tende a continuar liderando as pesquisas até, pelo menos, a
véspera da eleição, a turbulência persistirá até, digamos, outubro.
5 - Se Lula for, como tudo parece indicar, para o segundo turno, a eletricidade financeira se arrastará até o
fim de outubro.
6 - Se Lula ganhar, o terrorismo financeiro tenderá a tomar proporções
de ataque às torres gêmeas. Se Serra
for para o segundo turno e ganhar,
não haverá, de todo modo, tempo suficiente até a posse para desfazer o estrago feito.
Logo um colchão de US$ 10 bilhões,
como defende Garotinho, tende a ser
essencial no início da próxima administração, seja qual for o eleito. Essencial para o vencedor e também
para o país.
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