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FERNANDO RODRIGUES
Reaglutinação
BRASÍLIA - O PSDB e o PMDB realizam hoje suas convenções nacionais
em Brasília. Devem homologar a
chapa José Serra para presidente e
Rita Camata para vice. Um tucano e
uma peemedebista. É um momento
histórico na política brasileira.
O PSDB nasceu em 88 como dissidência do PMDB. A rigor, do ponto
de vista ideológico, nunca foram dois
partidos diferentes no essencial. O racha se deu mais por indisposições pessoais e questões de método.
São grandes as chances de essas
duas siglas voltarem a ser uma só se
der certo o projeto Serra-Rita. Juntos,
PSDB e PMDB podem formar o grande partido de centro do Brasil.
O mesmo pode ocorrer mais adiante com PFL e PPB, siglas egressas da
Arena -o partido que sustentou o
regime militar (64-85). Formariam
uma agremiação de centro-direita.
Na esquerda, com vitória ou derrota de Lula, o PT crescerá no Congresso. Terá sozinho, possivelmente, o
maior número de parlamentares que
uma sigla de oposição real já teve
desde o regime militar.
Hoje, no patamar de 50 deputados,
o PT tem uma bancada semelhante à
do PDT nos áureos tempos de Leonel
Brizola, nos anos 80 e parte dos 90. A
expectativa geral de líderes de todas
as siglas é que o PT possa chegar próximo a 70 deputados.
Com esse tamanho, o PT acabará
incorporando alguma outra sigla
menor de esquerda. O quadro partidário reproduzirá a lógica da política. Haverá três grandes partidos no
país. Um de centro (PSDB-PMDB),
um de centro-direita (PFL-PPB) e
um de centro-esquerda (PT e mais
outros de menor expressão).
Embora a diversidade não seja
ruim em política, o excesso de siglas
fragmentou a reconstrução da democracia no Brasil. O país tem hoje 30
partidos políticos com registro nacional. A reaglutinação natural das forças ajudará a ordenar futuras eleições. É bom para os eleitores.
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