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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Fragmentos da angústia

SÃO PAULO - É evidente que correspondência de leitores não é uma amostra científica do pensamento do brasileiro, por "ene" razões que não é o caso de detalhar aqui.
Mas não deixa de ser eloquente a angústia crescente que impregna e-mails de leitores que, ou são e sempre foram petistas, ou votaram em Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.
Impressiona também o fato de que a esmagadora maioria escreve para concordar com críticas à manutenção do modelo econômico e/ou à inação do governo Lula.
O normal seria o silêncio dos que concordam com tais críticas, na medida em que estariam devidamente representados pelo texto publicado, e a reação dos que discordam, para expor uma visão oposta.
Entre as muitas cartas eletrônicas de frustração profunda, a do leitor Manoel Jimenez parece-me tão representativa que a reproduzo abaixo quase na íntegra:
"Em um determinado momento do ano passado, durante a campanha eleitoral, o senhor escreveu que a grande ameaça para o Brasil não era a mudança de governo, e sim a continuidade daquele modelo.
O sr. acertou na mosca, e hoje estamos vendo, com exceção dos gênios do PT, que esse modelo está arruinando este país e deixando os bancos cada vez mais ricos. Trabalho com o comércio, viajo por este país de ponta a ponta e nunca vi nada parecido com o empobrecimento que está caindo sobre o Brasil.
Está quase todo mundo desempregado, e quem tem emprego não ganha para comer. Está uma tristeza esse Brasil.
O Lula fica com essa conversa mole de que o espetáculo do crescimento virá logo, mas quantos defuntos ficarão para trás?
Votei nesses caras e mais uma vez sinto que joguei meu voto no lixo".
Podem até chamar Manoel Jimenez de radical. Não muda a realidade que ele retrata, talvez com exagero, fruto da angústia e da frustração.


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