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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

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VALDO CRUZ

Custo amargo

BRASÍLIA - Seria impossível sair da crise herdada do governo FHC sem um custo. Agora, nossa tarefa é evitar a recessão, estimulando a produção. E as condições estão postas.
A análise acima é do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, sobre o atual momento do governo Lula -atacado por adotar uma política monetária austera que está parando a economia do país.
Mercadante diz que os críticos não reconhecem os feitos obtidos pelo PT. Lista uma série deles. Superávit da balança comercial em alta, redução da dívida pública e do déficit nas contas externas, controle da inflação. "Recuperamos os instrumentos de política econômica."
A chiadeira vinda do lado real da economia indica, porém, que a dose do ajuste foi excessiva. Isso, o senador petista não comenta. Prefere dizer que o custo não terá sido em vão.
Afirma, por exemplo, que já há um consenso no governo de que as condições macroeconômicas permitem uma queda segura dos juros. Como só ela não irá reativar a economia, o governo definiu uma série de ações para "defender a produção".
Acelerar os gastos públicos -dentro das metas de superávit primário- principalmente em transportes, saneamento, energia e área social.
Baixar medidas, nos próximos dias, para reduzir os juros nos empréstimos dos bancos para empresas e pessoas físicas -o "spread" bancário.
Manter as exportações em alta, com uma taxa de câmbio competitiva para os exportadores -o que está sendo feito pelo BC ao não renovar totalmente a dívida cambial.
Essa é a visão do governo, traduzida por um senador que até pouco tempo atrás não poupava críticas aos juros altos, mas hoje está mais sintonizado com o governo Lula.
Dará certo? O tempo dirá. Um detalhe: parte do que o senador lista já foi prometido, mas ainda não saiu do papel. Com a recessão batendo na porta, está faltando um pouco de agilidade ao governo petista.


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