|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
O chato de galocha
BRASÍLIA - O presidente do PPS, Roberto Freire, transformou-se numa
espécie de guardião da candidatura
Ciro Gomes. Botou o pé na porta e
reage como cão bravo quando os recém-chegados querem mandar mais
na casa do que o dono. Seu alvo predileto é o PFL. Mas não é o único.
Roberto Freire criou caso com ACM
e com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e virou o chato de galocha
da campanha da Frente Trabalhista,
que reúne PPS, PDT e PTB. Mas, se
Ciro tiver algum juízo, deve não só
ouvi-lo como dar graças aos céus por
existir um Freire na campanha.
Um "detalhe" a mais é que Freire
apanha há oito anos por manter
uma ponte política e quase pessoal
com FHC. Agora, quando uma das
prioridades é não deixar o PSDB
voar para Lula no segundo turno, esse é o típico "detalhe fundamental".
O projeto Ciro é meio esquisito. Une
a esquerda que só tem em comum a
rejeição ao PT e a direita que detesta
Serra e não tinha onde cair morta ao
PTB de Martinez e Roberto Jefferson.
Como liga, a Força Sindical de Paulinho. E, como mentor intelectual, Roberto Mangabeira Unger, que prega
mais ou menos o seguinte: nada disso
é problema, porque o Ciro tem canal
direto com "o povo". Se der algum
galho, convoque-se um plebiscito!
No meio disso tudo, e mais os índices das pesquisas que escancaram as
portas da candidatura, Tasso Jereissati é importantíssimo e Freire é o
chamado "item essencial".
É ele, o chato de galocha, quem vai
martelando -na campanha, no eleitorado e no próprio Ciro- que o projeto é de esquerda e de boa origem. E
quem vai atuar decisivamente nos
bastidores, que tanto conhece.
O grande desafio de Freire (ou seria
de Ciro?) é estabelecer o seu grau de
influência num eventual governo Ciro. Não há meio-termo: ou Freire se
consolida como uma eminência parda, ou não dura um ano.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Responsabilidades Próximo Texto: Gramado - Carlos Heitor Cony: Pós-neo-realismo Índice
|