|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chegou a hora da verdade
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - O discurso de ontem do
presidente Bill Clinton funciona, entre
outras coisas, como resgate dos que foram chamados de catastrofistas, por
alertarem, seguidamente, para o risco
de o mundo entrar em um processo de
depressão.
Agora é o presidente da única superpotência do planeta quem afirma:
"Este é o maior desafio financeiro que
o mundo enfrenta em meio século".
Depois, Clinton diz o que um punhado de gente, como, para citar um só
exemplo, o embaixador Rubens Ricupero, vem dizendo faz uma pá de tempo: todas as maravilhas que o livre
mercado prometeu entregar não chegaram, até agora, a um enorme número de pessoas.
"Se os cidadãos se cansarem de esperar que a democracia e o livre mercado proporcionem uma vida melhor
para eles, então há o risco real de que
a democracia e o livre mercado, em
vez de continuar prosperando juntos,
comecem a murchar juntos", percebeu,
agora, o presidente dos EUA.
Clinton propõe a construção de
"uma nova arquitetura financeira para o século 21". Seu colega brasileiro
Fernando Henrique Cardoso já havia
se antecipado e vem propondo a mesma coisa, desde que tomou posse.
É claro que a palavra de Clinton pesa um pouquinho mais que a de FHC.
Por isso, talvez o mundo de fato se disponha, agora, a tentar botar um pouco de ordem no cassino financeiro.
Se o Brasil conseguir resistir até pelo
menos o início das discussões sobre a
tal de "nova arquitetura", no mês que
vem, aí será a hora de FHC mostrar o
que vale. Afinal, Clinton já insinuou
que a nova ordem deve apoiar-se em
mais "iniciativas de abertura de mercados".
É o que interessa aos EUA, mas está,
agora, cristalino que o que interessa
aos EUA pode fazer muito mal à saúde "dos milhões que foram jogados em
súbita pobreza" pela turbulência financeira, como o próprio Clinton afinal admitiu.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|