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Sexo e poder
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Casado, três filhos, há um
ano o publicitário e agora marketeiro
de FHC Nizan Guanaes encerrou uma
entrevista a Célia Gouveia Franco, na
revista "Marie Claire", dizendo o seguinte: "Sexo é para principiante, bom
mesmo é o poder".
Ao manter "relações impróprias"
com uma estagiária maluquete, Bill
Clinton ficou no meio-termo. Não abdicou do sexo, mas tentou ter um mínimo de cautela para não abdicar
também do poder.
Os detalhes da impropriedade foram
escancarados ao mundo pela Internet.
Às vezes picantes, outras vezes sórdidos, em geral engraçados. E aconteceram ali ao lado do Salão Oval, onde o
presidente dos EUA decide, por exemplo, bombardear o país dos outros.
Milhões de homens e mulheres tentam imaginar: "E se pusessem na Internet as minhas escapadelas?". Outros tantos pensam é em Hillary Clinton: "E se fosse comigo?".
Parlamento, igreja, correligionários
e opinião pública norte-americana começam a ceder à longa e persistente
pressão contra Clinton.
O que move o "impeachment" são
charutos, balinhas, vestidos azuis e telefonemas impróprios, mas principalmente o fato de ter mentido em juízo
sobre tudo isso.
Mas o que eles queriam? Que Clinton entregasse logo o ouro e, junto, a
Presidência?
De toda essa hipocrisia, fica a constatação de que o mundo treme à toa,
até quando uma estagiária da Casa
Branca fala em público o que só se comenta com amigos, bem baixinho.
Temos uma faca de dois gumes. É
péssimo que Clinton esteja mal num
momento decisivo e de líderes internacionais tão frágeis. Mas é ótimo
que, para dar a volta por cima, tenha
de demonstrar poder externamente,
providenciando soluções para o mundo -e, por tabela, para o Brasil.
Os países emergentes, como os decadentes, dependem de Clinton. Mas ele
depende desesperadamente da solidariedade do seu maior adversário no
momento: a própria mulher.
Rezemos, pois, para Hillary compartilhar da tese de que "sexo é para principiante, bom mesmo é o poder".
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